27 fevereiro 2014

não é quadrilha, é carnaval

hoje, 27/02/2014, o Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu os condenados pelo mensalão do crime de formação de quadrilha, tudo junto, nada muda, as condenações por corrupção ativa, desvio de dinheiro público e as demais implicações não mudam, mas o festival de loas e de revanches, algumas veladas, outras explicitas, contra as decisões do STF em relação ao mensalão e contra o julgamento em si, são inúmeras e atendem por uma única motivação: poupar o partido dos trabalhadores e ao ex-presidente, ex-tudo, Lula da pecha e do vexame de ter mensalido, além, é claro, da tentativa de livrar os comparsas que, estoicamente, é bem verdade, estão calados e tudo suportam. O único que roeu a corda foi o irmão vivo dos Pizollatos, algo insipido e de nojo agudo, a fuga, diga-se.
Em nada surpreende essa reação e a forma toda, troca de ministros, pressão na véspera e a esperteza toda dos Barrosos, o mais educado e empolado, uma fala mansa de `até parece`, uma beatitude de dá dó. O ministro engomadinho nem emite sinais de vergonha e segue, no seu uso cerimonioso, o discurso de palavras bonitas para atacar o ministro Barbosa, o inimigo público do partido, que, de origem menos abastada, parece cru e direto diante do "processo civilizatório" que o Barroso, ministro, acusa-o de atacar. 
É o Brasil de sempre, assimétrico, cruel em suas desigualdades, onde o simples é tosco e vitima de ataques duros dos poderosos e onde o empolado de fala mansa é o herói bem pago da turba. Nossas diferenças são de berço e remontam ao império, ao Brasil colônia. Triste ver que, o Lula, o único que pareceu furar o bloqueio e se impor como líder das massas, hoje é apenas o poderoso que tudo faz para proteger os seus companheiros, descaradamente e com as luzes de todos os postes que ele ajudou a "plantar" na vida pública brasileira. 
Triste república da falsa mobilidade social e das mazelas de grife e de ministros engomadinhos de toga passada a ferro. Rompeu-se o único lacre da decência, o supremo 6 a 5 colocou por terra uma construção admirável de democracia e um sonho de um país mais justo e decente, honesto mesmo. O país ainda tem dono e eles são educados e irmanados com o planalto, uníssono. Ao outro, os Barbosas de ser, cabe a obediência servil ou o achincalhe. Não é quadrilha, afinal.