28 dezembro 2014

o olhar de janio

o articulista da folha conseguiu justificar a opção da presidente re-eleita por cid gomes para a pasta da educação e a escolha de aldo rebelo para a pasta da ciência e tecnologia e ainda consegue ver méritos nessa escolha: "deu [a presidente] prioridade à montagem de uma estrutura política forte". Um absurdo para qualquer um com algum sentido de bom senso e de zelo pelos destinos da nação, sem ironias. Ainda mais eloquente, arremata: "o futuro ministério tem tropas mais firmes no congresso e ...nos estados mais representativos da opinião pública". Como diria um amigo dileto, gol da Alemanha. Porém, o mais grave, vem em seguida, uma perola reveladora do como entendemos economia em 2014. 
Para intuir a visão de economia do famoso articulista reproduzo o texto para, em seguida,  destrinchar o que o notório diz ou insinua, com enfase. Ao dizer que esse ministério é para ela [a re-eleita] uma fuga para um período de administração sem "passadas largas e inovadoras" e que isso é bem nítido na escolha do botafoguense Levy, portanto, fracassado porque o seu time caiu para segunda divisão, para a pasta da fazenda, um neoliberal, conservador e amigo de banqueiros, faltou dizer, mas é óbvio aqui: "O que se insinua é mesmo a concepção do botafoguense Joaquim Levy: investimentos e transformações sociais rebaixados para segundona."
Dificilmente encontraremos um texto tão precário e absolutamente equivocado no jornalismo da fsp nos próximos dias, uma vertiginosa irresponsabilidade que revela muito sobre o total desconhecimento dos efeitos de uma política fiscal irresponsável combinada com uma política monetária claudicante e com erros grosseiros de condução da política econômica. O articulista ainda acata o primarismo de achar que o que compromete a política sociall é a casa em ordem, o controle da inflação e a restauração de aluma credibilidade econômica fundamental para retomar crescimento e prosperidade, um horror.

14 dezembro 2014

Externalidades invisíveis

"Quem cheira pó não prejudica os circunstantes"(Drauzio Varella, na fsp de 13/12/14) é um raciocínio torto, mesmo sendo empregado para apoiar  uma causa nobre, o combate ao uso do cigarro em ambientes públicos. O Varella sempre se posiciona bem, mas nesse caso esqueceu de observar que o eventual cheiro em público da cocaína teria/têm efeitos deletérios graves, mesmo que não visíveis na forma de fumaça e se constitui, portanto, um péssimo argumento lógico e/ou  retórico. Aliás, boa parte da externalidades negativas provocadas por indústrias poluidoras são invisíveis e os seus efeitos negativos são de médio e longo prazo, tornando a regulação e a forma de orquestrar a produção socialmente ótima das mesmas um quebra-cabeça complexo e de difícil equalização e quase impossível de se obter consenso satisfatório para o meio-ambiente. Enfim, uma boa causa pode induzir um articulista a apoiar uma externalidade negativa ainda mais grave...