18 março 2009

poemimesado


Sempre evitei falar de mim,

falar-me. Quis falar de coisas.

Mas na seleção dessas coisas

não haverá um falar de mim?


Não haverá nesse pudor

de falar-me uma confissão,

uma indireta confissão,

pelo avesso, e sempre impudor?


A coisa de que se falar

até onde está pura ou impura?

Ou sempre se impõe, mesmo impura

- mente, a quem dela quer falar?


Como saber, se há tanta coisa

de que falar ou não falar?

E se o evitá-la, o não falar,

é forma de falar da coisa?

João Cabral de Melo Neto

2 comentários:

vnc disse...

João. Sempre João. Só João. Falo alto ou falo baixo: João, como a Espanha, é coisa de colhão. Se dizia "Diamante barato, que vale pelo que tem de cacto". Erro. Diamante só.

Anaximandros disse...

Vnc,sempre vini...bjs