12 março 2008

o discurso e a praxis

O poder e suas nuances parecem cegar até mesmo o mais atento analista, imagina-se o que não é capaz de fazer com os deslumbrados?!? Reproduzir políticas assistencialistas em grande escala e entender que com essa prebenda consegue-se reverter as injustiças e os desequilíbrios da realidade brasileira é um equivoco tão óbvio que chega a ser espantoso como o atual governo realmente acredita que "nunca antes nesse país" o pobre foi tratado com o suposto respeito e dignidade da atual política social do governo. Além de inócuo e incapaz de quebrar as armadilhas de pobreza, o mecanismo de transferência unilateral de renda provoca um conformismo urna-compatível, que é conservador, mas sem efeito real sobre a vida, a cidadania e a dignidade dos assistidos [diz-se de quem recebeu assistência, sem eufemismos]. Não se trata do velho jargão do ensinar a pescar e coisas dessa linha de raciocínio, antes, trata-se de uma falha de concepção e de compreensão do fenômeno que gera ou preserva a pobreza e a armadilha que ela coloca para pessoas e familias. Um fenômeno complexo não pode e não deve ser tratado por transferência de renda, por políticas universais e de cima para baixo, está tudo errado, para ser simples e objetivo como o espaço exige, cinquenta reais não são transformáveis em funcionamentos da mesma forma por todos os contemplados, aliás, esse é o problema: a forma como a pobreza se manifesta é distinta de indivíduo para indivíduo e de comunidade para comunidade, dentro da mesma realidade temos quadros distintos e com muitas dimensões distintas, a renda é apenas uma delas e inescapavelmente a menos eficietne para transformar capacitaões em funcionamentos, ao atacar os meios o governo Lula, negligencia o que realmente importa que é o resgate efetivo, sustentável e duradouro da dívida social. Lamentavelmente, continuaremos a ouvir essas precárias palavras, enquanto a vida dos mais pobres é tratada por números pífios e de conteúdo populista.

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