05 abril 2015

A estratégia das pautas

citado na lista Janot e com longa presença em boatos de desvios de conduta ética, desde voos da FAB para exercício do próprio bem-estar até recebimentos indevidos do escândalo envolvendo a Petrobras, o atual presidente do Senado resolveu abraçar temas e pautas da oposição ou pautas não do agrado do governo da presidente Dilma que está com popularidade em extinção. 
Exemplos recentes dessa estratégia nova são a manifestação a favor da redução do número de ministérios, a favor de mudanças nas regras para escolha e indicação dos ministros do supremo e agora, a peça completa, a favor da independência do Bacen.
Em todos os casos, soa falso o engajamento com essas pautas oposicionistas de alguém tão umbilicalmente ligado ao poder estabelecido por mais de 12 anos, se contarmos o período FHC, e, aqui é necessário responsabilizar o ex-presidente FHC por ter sido o primeiro depois de Collor a acolher o Calheiros.
Essa convivência estrita com o poder permite ao presidente do Senado a capacidade de definir pautas, e de posterga-las sempre que conveniente. Assim, voltar-se somente agora para temas esquecidos ou bloqueados pela agenda do governo federal, é no mínimo surpreendente, se não for mais um ardil de sobrevivência política.
Contudo, seguramente, a falta de legitimidade do presidente do senado para conduzir essas bandeiras, mais enfraquece do que beneficia os temas colocados para debate. E, também do ponto de vista da sobrevivência política, é uma estratégia arriscada. Tanto a incoerência como a traição ao governo ficaram explicitadas e serão cobradas no seu devido tempo.

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