23 agosto 2006

gruas

Sem palavras...a angustia da rotina eivada de compromissos não deixa o sujeito despir a sua dor, inclinar as costas doidas para respirar, enquanto arranja forças para anotar, uma por uma, as passagens religiosas do dia, mesma máscara sem tapumes, máscara pagã da dinastia semsangue, vaidade postergada, arrumação de papeis em pilhas justapostas e nenhum ordenamento possível, ao norte, assoma a grua reticente que antever a tomada de mais uma beatificação, movimentos cinematográficos sem cortes, sem editar o mesmo ritmo nas veias, e nos olhos a devastação do lugar, da memória e da hora, minha reflexão não sabe o que está acontecendo na coxia ou na orelha daquele livro adiado ou no repasto sem licor de uma alimentação noturna, minhas reflexões não conhecem o interior de uma coxia, muito menos a voz de quem descumpre o preceito do escudeiro, “é próprio dos sábios pouparem-se de hoje para amanha” mesmo com esse anátema ele insiste na mesma triste figura, sem saber em qual canal manter a sua atenção ou seu esforço por mais um combate ao roteiro improvisado, para mantermos a metáfora cinematografia.