30 agosto 2005

Economia do sexo


Dawkins sempre incisivo é capaz de discorrer sobre verdades absolutas e mentiras e sobre a vitoriana paisagem que oprimiu a origem das espécies, mesmo tratando de temas distantes como ética num mundo de clones, células tronco e engenharia genética e economia do sexo, isso mesmo, tem-se a impressao que tudo nao passa de uma bela história contada de uma vez só e sem vírgulas ou capítulos, mais uma vez, o capelão, reune as peças de artilharia para derrubar o charlatão que apregoa a moratória da verdade ou que entorta garfos ou faz previsões astrais sobre o destino da civilização, um a um os temas vão enchendo a página de raciocínio puro, direto, quase uma afirmação definitiva da evolução e seus intermediários, percalços nao revelados, a força esbanjadora da selecao natural, injusta, indiferente e seletiva, sem apelos piegas ao discurso antiglobalizante e excludente, blabla, ele repõe no lugar o nosso atrevimento, remar contra essa força da natureza, sem negar o monismo antepassado, para consolidar algum ideal de justiça ou de solidariedade, mesmo admitindo que "um abalo de tempos em tempos faz muito bem às nossas ortodoxias", e que o replicante egoísta é uma inexorável realidade.

27 agosto 2005

Exemplos do passado....

O ataque é a melhor defesa, como se houvesse uma estratégia ótima e óbiva sempre, infelizmente, ou felizmente, não temos essa capacidade toda de articular o que ser ou fazer em todas circunstâncias ou oportunidades, às vezes, uma postura equilibrada, discreta e de distanciamento permite dizer o que não é possível sem ter que repetir os argumentos convencionais que nos empurram para o mesmo lugar. Uma crise deveria ter esse caráter geral de renovar conviccões e não o desejo de, simplesmente, refutá-la ou afastá-la, decisões importantes deveriam esperar a manifestação do tempo e o ajuste, mínimo que seja, da noção elementar da verdade. Mesmo sabendo que é dificil ou impossível sair de cena quando a verdade nos acusa, deveríamos, principalmente quando isso tem implicações sobre a própria manifestação da verdade, abreviar nossa exposição ao cenário da crise. Essa, talvez, seja a lição não compreendida da semana, os exemplos do passado não falam de discursos e promessas, mas sim da humildade de quem procura apaziguar a noção mais elementar de justiça...

23 agosto 2005

Confissões

O mês é deles, dos leoninos, ou pelo menos, passou a ser depois da domingueira versão do juri popular. Eu também sei o que fiz e o que não fiz, confesso que, por conveniência, falarei sobre o que sei que fiz e não interessa ou causa pouco ou nenhum espanto, tenho lixo acumulado mas não cometo a usura e nem emito falsos boletins médicos, no geral, nao vou a missa, subo escadas, pego ônibus, costumava correr, mas ultimamente visito páginas, leio livros, frequento bares, bebo os meus cafes e viagens só quando um amigo lembra de citar o meu nome numa reunião de departamento, enfim, nao sou, peço desculpas, um Leão Leão, quando muito um simio de origem sub-saariana, não participo de licitações e, se sei, omito, se perguntam respondo de forma cabal e pacientemente, nego com veemência, quase com afeto, é verdade, mas na primeira pessoa, não me encontrei com o representante da bicharada, nao jogo bingo, não vou a randevous, não jogo bucaratti e, dos jogos de azar, exerço a medicina, mas, por favor, não estou aqui para praticar a auto-delação, tudo bem, confesso que fui prefeito e que meu partido tem lá suas contas felinas na baviera, cometi também alguns xerox sem autorização, algumas medidas provisórias e alimentei a caixa com os meus coetâneos, mas não vou mudar o tom só para abalar o mercado, tenho que zelar pelo bom senso econômico, afinal, minha imagem é de lingua presa e platitude modorrenta,.

20 agosto 2005

Rasteiras


Tecnicamente uma rasteira consiste em usar a perna como alavanca para entremelar os pés com o adversário e derrubá-lo, como figura de linguagem, não passa de mais uma metáfora do filho da mãe que começa a colocar em julgato a honra da própria, nós, os que fomos "alavancados", agradeceríamos um uso mais criterioso e parcimonioso delas, das metaforas e da imagem materna, mesmo porque, o recurso linguístico ou coisa que se entenda por, é bem mais amplo e complexo do que fingir que não viu ou não sabia. Na Bahia de todos os santos, ela, a rasteira, não a mãe, pode ser até uma expressão artística e um uso estético do corpo para defesa ou para o ataque, mas tudo dentro do compasso do berimbau e na forma civilizada do jogo da capoeira e do ritmo pélvico cadenciado, como nos atabaques da cidade baixa, longe, portanto, da esteriotipada rasteira do planalto. Uma dança bela e forte e uma forma de sedução, bem distinta da manifestação raivosa de apego a coisas mudanas, como o poder e a vaidade de um semi-deus.

17 agosto 2005

Descontinuidades

A mente descontinua, nas palavras de Dawkins, nao percebe que no salto evolutivo sempre há um passo intermediário e que, entre o sim e o não, há uma leve sensação de inconclusão ou indefinição. Tudo seria bem mais simples se o debate tivesse a dimensão aproximada da dúvida e da prerrogativa do não sei. Em tempos cruéis, real politik do planalto, a insensatez, mantém a sua trajetória de desenganos, antes, todos do outro lado eram culpados a priori, agora, todos os mentirosos e, incredulamente, firmes nas suas manifestações, são fartamente culpados, porém, estranhamente inocentados, poupa-se o rei nu, de suas decisões e escolhas erradas, erráticas e, o que é mais grave, acomodam a vilania da turba que sequiosamente sempre acampanhou o rei nu, descontinuamente, vemos uma instituicao aqui, outra acolá, emitir sinais claros de dois pesos e duas medidas, o que ontem era venal e um motivo para rechaçar o uso da dúvida onde nao havia provas, agora, as provas insistentemente renovadas, são usadas como motivos para a defesa cega e para renovar o sequitarismo e a intransigência, como se o ideário mínimo de justiça só fosse aplicável a uma das partes, à outra, a que nao está do nosso lado, a letra morta da lei, aos que estão do nosso lado, reis ou lobos, apenas o "justo" sinal de silêncio ou a cara pintada, com a tinta da vergonha e da miserável impunidade.

10 agosto 2005

Macarrônico, uma auto-crítica.


Uma a uma, as palavras, derretem-se e na água de lindóia, mais do mesmo, mesmo os que, caudatários, revisam a lente de contatos, visceras são expostas, tolos defendem uma mudança qualquer, mesmo que ela, a mudança, venha carregada de uma retórica saudosista de ruptura e substitucionismos, icones da idéia pop do século das trevas, ou dos "extremos", insistem em propor a queda dos juros, como se a queda representasse uma outra queda, dos neoliberais de plantão, por exemplo. Na terra dos cegos quem acusa o bacen, repele o demo, modifica o destino, como se a besta estivesse, maquinalmente, preparando a desgraca alheia. No mesmo ritual, alimentam as curvas das contas públicas, essas que os impostos deveriam conter, mas que apenas rompem mais e mais o limite do aceitável. Senil o estado deles seria, onipresentemente, quase um Caetano, de assombros miméticos, uma viúva sem regras, aboliriam a livre decência e a figura poética, licensiosidades seriam uma falta grave, uma traição revolutiocionária, bom senso e uma prática prudente com as res-públicas uma contra-cultura, condenável, execrável.
Continuo, mesmo que sem a voz do Hirschman, a busca popperiana pelo intervencionimo democrático, regulador que consegue conter a fúria da natureza e o vale tudo por dinheiro, como se as diferenças fossem irrelevantes ou indiferentemente caetanas ou sem cultura, visto de saída, banidas.

08 agosto 2005

Não há provas....

Um fantasma não corrompe, provavelmente também não existe, pelo menos não há provas, dizem que a foto ao lado é uma das "provas" existentes, reparem na mala, por falar em malas, viagens também foram feitas ao exteror. para um porto distante, um ministro, um consultor, dois assessores de ministros ou de partidos, não sabemos de quem é o Estado-evidência, mas provar não é possivel, adia-se o veredicto, milhões acuecados, manchas na auto-estima, mas provas, bem, temos que rever os empréstimos, mais uma parelha de milhões tudo por amizade, mesmo que os contratos sejam com aquela pantagruelista estatal, mampituba, sorria estão filmando o fantasma sem provas, apesar da campanha financiada com o laranjal, o emprestador não sonega, solilóquio viaja, dinheiro verbal na lista de empregos de ex-parentes, manifestadamente, mancha rural, apenas, sem cal, sem disfarce, vai ver que é mais uma desfigurada sujeira, daquelas diárias que todos acusam de ter ou carregam, menos os fantasmsas, estes estão isentos, não vociferam, não estão impedidos.

05 agosto 2005

Primicério

Ventura, a boa ventura, diz que a democracia pode dispor de liberdades consensuais no voto, não há um entendimento claro ainda, mas parece que a noção de liberdade absoluta não pode vigorar num mundo livre e apenas outra liberdade pode restringir outra liberdade e que a liberdade é o principio básico e primeiro da justica como igualdade equitativa de oportunidades do Rawls. Ainda que precário a noção elementar de eficiência economica nao é suficiente para definir uma alocação justa. Alocações justas nao precisam ser eficientes e alocações ineficientes podem ser justas, mas ainda temos que entender ou definir ou precisar (sempre precisamos apesar de imprecisamente confudirmos) o que vem a ser uma distribuição justa, será possível uma justiça ineficiente ou necessitamos de um arranjo melhor para todos que ainda assim consiga nao dispor de uma noção paretiana de eficiência??? O vasto mundo da dúvida sistêmica ou sistemática ainda nao dispõe de uma resposta inequívoca, mesmo sabendo que um tratamento mais lógico e preciso, (quem nao precisa?) demanda tempo e rigor formal....

03 agosto 2005

Pré socráticos...

Mônica, não ouso escrever sobre tema tão distante da minha consciência, apesar de uma precária alusão em um passado qualquer, sinto-me, de certa forma, um pré-bloguista e por isso e, talvez pelo medo de um anátema próximo, refugo a tentativa de consolar a curisosidade dos que perguntam o por que do nome, como se nomes carregassem um porque, no máximo eles têm um mote inicial, mas com o tempo, com a manifestação da estação primeira da mangueira eles transfiguram-se e assumem a sua real identidade, assim, quem saberá dizer o que será uma página em branco? Mesmo que estivessemos falando de um filosofo próximo a mileto que buscava a essencia das coisas e que desenvolveu uma forma solar de marcar o tempo ou que a expressão em si contenha algo de um perturbador desafio anaxial, não confundir o termo ou a expressão, pois nem tudo na vida, apesar de ubiquo, pertence ao proverbial fim do mundo. Contudo, podemos começar por uma vaga noção dos astros e por uma embrionária teoria evolucionária que o indefinido princípio remonta. Enfim, não sei o que significa, mas as palavras carregam expressão, sonoridade, parcialidade e paixão, mesmo que nao tenhamos a menor noção do que nos aguarda o destino, invarialmente, anaximandro.

01 agosto 2005

Mônica nao consegue terminar de ler meus emails, cansada, insistiu para que eu mudasse o foco, escrever no blog o que nao queremos saber ou entender. Nao sei se ela tem razao, mas nao ouso duvidar dos conselhos alheios, tomo emprestado a pagina sem dono para falar o que nao pode ser lido numa mensagem sublinar ou numa pagina séria de um matutino ou vespertino. Tenham paciencia com a fala mansa e com a falta de apocrifos ou de sinais legiveis da lingua materna, escreve-se em decubito dorsal, na transversal e, invariavelmente, fora do contexto, como quem conversa com as teimosas palavras que descem do emaranhado de redes sineticas, opacas, mimeticas e, possivelmente, pensando em como a mônica leria o kanitz do blog do s, em anaximandros...
Reencontro, ou por que raramente sabemos onde estamos? A crise política domina o debate econômico, todos querem saber como e quando a economia será contaminada. Particularmente, acredito na impossibilidade de uma e de outra saída. Não estamos, certamente, diante de um estadista daqueles que assume o que faz e preserva as instituições, regras e, ao que parece, a economia. Os movimentos pendulares apontam para um populismo de "elite", vejam como eu sou bonzinho, conheço a língua do povo porque já estive lá, sou um deles, apesar dos meus cubanos charutos e do vinho tinto da santa madre, meu chapeu é da isla e eu enterrei o papa. Doravantes, ouviremos a marcha dos todos têm culpa, afinal o caixa não é de dois, mas de todos, não adianta me acusar de comprar deputados e usar contratos de estatais superfaturados para financiar a pantomimia, estarei acima dos mortais, afinal sou de uma outra estirpe, vergado nas fimbrias da ardilosa articulacao politica, no ventre da esquerda progressista, amo as caribenhas, o pacifico e, porque nao, o atlântico, fizemos, mas quem nao fez ou farias...?