30 maio 2009

Bicicletário


não trafegas na mesma rua, tua manifestação contemporânea, tua autocontemporaneidade, como diz Cicero sempre aos sábados- é bom que se diga - nao vicejas lamber as feridas das ruas sem sinal, ruas movimentadas por linhas tortas, minaretes na vertente norte, sonhos esquecidos na corda que alinha o esgoto, vertigens sem fio, minimas expressões musicais, afinação temática, pura horda de maltrapilhos, tortos, a amiga que liga, o teatro dos malandros fora de hora, o presságio de vômitos, das dores, espirras enquanto porfias, nada mais, nessa cidade das provincias, contemporanemante marcada pela melodia de uma viola da gamba, em cerro largo, em algodões, tragados pela água que represas...

29 maio 2009

uma breve pausa

sonhos e uma nova série...

28 maio 2009

poenoite


O Catador de pregos

Um homem catava pregos no chão.

Sempre os encontrava deitados de comprido,

ou de lado,ou de joelhos no chão.

Nunca de ponta.

Assim eles não furam mais – o homem pensava.

Eles não exercem mais a função de pregar.

São patrimônios inúteis da humanidade.

Ganharam o privilégio do abandono.

O homem passava o dia inteiro nessa função de catar pregos enferrujados.

Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.

Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.

Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.

Garante a soberania de Ser mais do que Ter.

Manoel de Barros

27 maio 2009

A lenta agonia, apesar da bela música.



Insidiosa corporação vai proteger outra corporação, aquela dos contratos dúbios e das contas reprovadas pelo tribunal das contas, assim, como está, os quixotescos oposicionistas do congresso, vão tomar um vareio e ainda correm o risco de virarem vilões perante a opinião pública que, na terra de cabral, é guiada por uma certa imprensa que segue a máxima, para uns a regra da lei, para os queridos o editorialista tem autonomia, os demais calam, diz=se de quem escreve jornal como um cidadão orsoniano, nesses momentos, a velha dama, a dona dos meus sonhos mais alegres, a democracia, fica vulnerável e sofre de atentados patrulhadores e de aparelhamentos do espaço público por partidos ou por coisas menos nobres, que alguns chamam de terceiro setor, mas que seria sensato, nao generalizar e apenas indicar que os que assim agem, sao oportunistas velhacos, nada mais...

26 maio 2009

eu também senti...

mexeu e, como quem levanta uma plataforma de bons momentos, silenciosamente deslocou as emoções, os sorrisos inocentes dos amigos distantes, gargalhadas soltas entre uma baforada e outra do bom coiba, sopesando uma dose generosa de conhaques da terra, saudades audíveis na outra serra, gaucha, mas já do mundo...naquele momento vibraram os que hoje souberam que os meus amigos sentiram a outra vida que ajudaram a sonhar, afinal, somos, humanamente, esperança e lida, idéias de arquipelagos, ligados por abstrações, equações e um sopro de poesias compartilhadas com os pais da bia.

levemente outono

Cai chuva do céu cinzento
Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
Tenho uma grande tristeza
Acrescentada à que sinto.
Quero dizer-ma mas pesa
O quanto comigo minto.
Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não,
E a chuva cai levemente
(Porque Verlaine consente)
Dentro do meu coração.


Quem eu pudera ter sido,
Que é dele?
Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse
menos!


Fernando Pessoa

24 maio 2009

a barca


ainda em apuros, os naufragos agarram-se a uma pequena esperança, o fim rápido da tormenta, que ainda não se formou completamente no horizonte, a segunda fase, dizem, agudiza a dor, prospera em dor, sufraga a intriga e semeia a dissidia, minudências atiçam a imaginação, o cerebro primitivo dos seguidores do grande líder, e ele próprio, ameaçam a tripulação com o mote salva-vidas: perpetuaremos o poder na undécima hora, mudaremos a regra e continuaremos, indefinidamente reeleitos. Nada que os humanos já não saibam, afinal na vizinhança todos mudaram a constituição das regras ad referendum...

22 maio 2009

conversare e invitare

x. fale-me da sua dor de cabeça.
y. é uma dor sinuosa, doem os olhos e, em determinadas posições, o incomodo cresce, mas nao é o tempo todo forte, apesar de persistente, já dura quase 12 horas.
x. e o dólar, hein?
y. pois é, como tudo, nesse país, a culpa é dos juros altos, diz que baixando um o outro sobe, sem pestenejar, é uma relação inversa perfeita, não sei como não pensei nisso antes. Baixar os juros e correr para o abraço, teremos resolvido a falta de segurança, as balas perdidas, a má distribuição de renda, a nossa falta de educação e os maus costumes, diz que até o grêmio vai começar a jogar futebol...
x. seu tom é meio irônico, afinal, o grêmio...
y. reconheço que é uma alegoria, mas até a petrobras, agora que ameaçam abrir a caixa preta, começou a descobrir petróleo em toda esquina, em qualquer campo minado, dizem que até em poço artesiano na sombra do coqueiro. A regulação do senado parece que é mais efetiva do que anp, ou melhor, gabriela subiu no telhado, dizem que vai privatizar, digo, pular.
x. e os juros?
y. como nao sei o que dizer sobre causaçao reversa e nao entendo muito de nao lineariedades, prefiro ouvir as notas do acordeon: jurosdescem, jurosreais, desconjuros, deuscomjurospune, com inadiplentes falas, com deliquentesprosperas
x. confuso, nao é?
y. simples assim, baixa os juros, melhor, faz um referendo e estatiza o cidadão, assim mesmo, facil e sem sabor.

20 maio 2009

previsões

assim como desce, sobe, agora, o governo, leia-se, o seu articulista mor, resolve tomar uma dose de sinceridade e falar um pouco mais abertamente sobre a realidade ignara, menos mal, porém, seria melhor que o governo tomasse um porre de sinceridade e falasse toda a verdade, afinal as contas públicas e o astronômico gasto com folha de pagamentos e previdência são uma bomba relógio montadas nesse governo em nome de uma visão ultrapassada e grosseira de condução da coisa pública. Na próxima serenata vão admitir que estão falidos e que não há como honrar os gastos permanentes sem aumentar impostos e emitir moedas podres.

19 maio 2009

o alfaiate recortado


tarde ainda, volto ao portão para conferir a tranca, mesmo sabendo que já havia fechado, não há porque lembrar os tons daquela voz, nitidamente, nao captas, nao captura a essência daquela forma, espelhos partidos, fístulas cardiopáticas, no horizonte, uma tarde como outra qualquer, sem apuros, retomas leituras nos intervalos das assinaturas, a lenta agonia, mais um dia sem brilhos, apenas a pele morena dos retratos de degas e a expectativa das dores, sem atenuantes...

Pedro, o grande.

17 maio 2009

ph ácido

o segundo gênio da raça, na opinião, nada isenta, de um deputado do mesmo partido, o nosso homemholofote, condena uma investigação sobre as contas da estatal do petróleo, diga-se, no mesmo tom, que o mesmo partido, persegue no rio grande, diz-se de quem mantém com tenacidade ferina uma única tecla, melhor, três, cpi, sobre qualquer coisa, a qualquer preço e usando qualquer método investigatório. Exigir coerência de quem briga pelo poder é uma impossibilidade lógica, nao passará, e se passarem, eu, certamente, estarei fora, go out, em tradução livre. Particularmente, prefiro discutir idéias e suas consequências, lá como cá, assusta-me o denucismo e a falta de opiniões sobre uma alternativa ao bolsa família e o bolsa pra tudo, assusta-me a gastança e o inchaço da máquina pública, a falta de regulação ética dos lixões na rampa da enseada, assustam-me os cachorros soltos nas ruas do meu bairro, a falta de livros na cultura e a insensatez da esquerda latina, o radicalismo na zona rural em marcha lenta para o espaço urbano, a insistência de velhos temas na academia brasiliana, a secura na garganta, em brasilia, os embustes na entrada das cidades administradas pelo fbapê, a rua suja na cidade turística do nordeste, a vida sem sentido no planalto, a fome na tradução do drummond, a dor abdominal, a volta de uma estúpida ditadura-retórica...

Castelos


"Os seres humanos são minúsculos centros de consciência no vazio que só dispõem de seus corpos frágeis para proteger-se do infinito que os pressiona - criaturinhas que crescem e constroem em oposição ao aniquilamento do espaço do mundo inorgânico." (Edmund Wilson)

14 maio 2009

Cometas


sem sono, o cometa, rábula, de gosto estóico, convencido de que "nunca antes", esteve por aqui, passou a debulhar a sua cansada e surrada gramática, poucos suportaram a cantilhena,lamentos acompanham o seu, nosso, final de noite, mas vale o relato, afinal, "cometas que passam perto do sol perdem a cauda", manchete de jornal populista do sul. Enquanto isso, o meu ritmo segue em estribilho, sem folgas, na estrada, agora a 110km de Curitiba, Ponta Grossa, é a graça do lugar, a trabalho, always, querendo ocoupar todas as horas para nao lembrar do dia e suas manchetes, marchas forçadas contra a democracia, acusações sem o benefício da dúvida próreu, execuções sumárias na praça da matriz, cambaleante e jorrando lágriamas, o bom senso e a democracia, pior é a poupança e seus números cabalísticos, pronto, se o candidato a caudilho concorrer ao terceiro mandato, farei campanha pela volta do real e seu líder, farei isso e uma viagem ao santuário da ilha do bananal, devidamente aboletado na carcunda de um místico jegue de petrolina, vale de lágrimas, apesar da comicidade dos lugares, gestos e slogans...

13 maio 2009

Saudades

12 maio 2009

Papo furado


doidivanas contumaz, repito, em meu documentário sobre a vida selvagem, uma porção do título de outro blog, esse, melhor, aquele, no entanto, de teor e conteúdo didáticos e sérios, não esse, agora sim, que apenas atende ao capricho das dores, e reproduz em pequenas doses, o dia-a-dia de uma vida celineana, sem prolegomenos ou aditamentos, afinal, desde mui tenra idade se sabe soletrar as vermelhas poesias vermeeninas, ao contrário da outra odete, literária e vogal na comarca de soutomayor, sitio repleto, aliás de boas maneiras da paris de um outro poeta asmático, melhor assim, diria o selvagem documentado, melhor render votos ao mundinho sincopado da provincia, onde, as azaléias nao enchem os olhos do idealista ou de um sonhador...Nesse instante, em poucas palavras, os homens rompem a sua impossibilidade, assimetria endógena na corcova do herário, ministros despoupam os que poupam, bolsas tropeçam na incerteza das democracias latinas, américanas, as casas, suspendem os contratos com os fornecedores que esperam na fila do lado de fora da chuva que nao veio, mínimas lembranças de um dia cansativo e sem graça...

11 maio 2009

È fila!!!!

10 maio 2009

number one

Fazendinha...


Funeral de um lavrador
Nesta cova em que estás, com palmos medidos
É a conta maior que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe neste latifundio
Não é cova grande é cova medida
É a terra que querias, ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto pouco
Porém mais que no mundo te sentiras largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifundio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho, que estavas no mundo
Mas a terra dada não se abre a boca
É a terra que querias ver dividida.

(João Cabral de Melo Neto)

04 maio 2009

Descampado

viagens, uma sequência delas, brasilia by contribuinte, mas legitimamente conquistada, nao tenho padrinhos na esplanada, nem posses na algibeira, uma falta e outra, obriga-nos a cumprir o tema, dessa vez no descampado, na grama seca do altiplano, nas cercanias do brejo, na cidade alheia de desenho artificial e, miseravelmente, sem sentido, numa dessas paragens do brasil dos tres poderes, miscelanius, diria o senador de aluguel, filho e neto de coronéis, vice-rei da maracutaia e do caixa dois, ministro em chefe dos bilrros na calcada alta, mitigadamente, nao bebo bebidas amargas, sem açucar, a saber, meto-me em trajes de passeio a cata da corte das ideias poucas e das ruas largas e eixos monumentais, irei, mas nao ficarei por lá....

03 maio 2009

02 maio 2009

Non cooperative Games



John Nash Jr.

01 maio 2009

Lancamento do pré sal



"Isso é uma coisa mais velha do que a descoberta do Brasil",

"Eu não acho correto, mas não acho um crime um deputado dar uma passagem para um dirigente sindical ir à Brasília"

"Qual é o crime de um deputado levar a mulher para Brasília? Graças a Deus nunca levei um filho meu para Europa, vocês dão dimensão demais a uma coisa que pode ser corrigida pela própria mesa do Congresso"

"Eu não vejo onde está o tamanho do crime que as pessoas estão vendendo"
(Luis Inácio, 2009/05/01)

Meditabundos