20 fevereiro 2013

o verdadeiro discurso da página virada

em discurso para o público cativo, a presidente Dilma disse que a miséria no Brasil é página virada...sinceramente, com todos os predicados das ressalvas e com a mínima condescendência ao palanque e ao discurso de políticos voltados para o poder, vocacionados para a gana de mais poder, não consigo, com todas as vênias,  aceitar tamanha ignorância e tamanho descaso para com as gentes e para com a noção mais elementar da verdade e justiça  O discurso correto deveria percorrer uma linha mais honesta e sincera e  assumir uma vulnerabilidade que todos já sabemos: "senhoras e senhores, hoje o Estado brasileiro vem a público assumir a sua total incapacidade para combater a pobreza e para aliviar a dor da miséria absoluta, fracassamos, nossas políticas de transferência de renda, além de inócuas, apagaram a indignação  calaram a voz dos articulistas e conformaram os intelectuais que agora só olham para o controle da imprensa, a nova bandeira da vanguarda. Nos últimos dez anos abafamos a oposição e conseguimos doutrinar os jovens, sem voz, sem a boa luta, os pobres, os agraciados por nossa parca assistência,  são humilhados nos hospitais, nos postos de saúde  seus filhos são enganados em escolas públicas sem vida ou qualidade, seus pais vão para o trabalho em ônibus superlotados e velhos, moram em casas de taipa e sem teto, em ruas de esgotos e lama, usurpados nos direitos mais elementares, mas já não existem nem mesmo como estatísticas, estão agora  acima da linha de pobreza de renda, obsequiosos, geram as nossas glórias nos jornais, nas urnas, na imprensa internacional e nos centros de pesquisa da pós graduação no Brasil . Subjugados, os pobres e miseráveis,  já não existem, são página virada..."

15 fevereiro 2013

João Godoy

a economia do sambódromo já merece uma analise qualquer, seja para mostrar que há um estado paralelo e que tudo funciona de forma estranha, uma vila apertada de casebres no corredor mínimo de acesso, uma falta completa de estrutura, seguranças estranhos, com vestimentas também estranhas, lembram policiais de outro pais, banheiros que não funcionam. "Água só no Ceará" gritava o chefe da limpeza na porta do banheiro do setor dois, um mal cheiro insuportável, sem papel, sem detergente e sem água, apenas uma imensa luva verde na mão direita do benfeitor. No estacionamento em frente carros de marcas e tamanhos que mais lembravam a chegada de comitivas de presidentes de país muito rico, um contraste estranho, na passarela do samba, algo semelhante, carros de limpeza motorizados limpam a pista do samba, mas nos degraus das arquibancadas e da passarela da vida real que dá acesso a avenida ou ao metrô  uma sujeira sem fim que lembra um lugar abandonado e sem vida, mesmo sabendo que diariamente por lá, pela passarela real, passam milhares daqueles habitantes da vila vizinha, a maioria excluídos de acesso ao trabalho na famosa passarela. O autor dessa peca arquitetônica devia saber o que estava fazendo, afinal, expor o contraste é uma forma de revolta.  O engano aqui foi ter esquecido o mercado e suas propriedades e ter cometido o equivoco de entregar uma festa popular para a `liga` e seus estranhos seguranças e para um  estado corrupto e seus comparsas, e para oligopólios de marcas influentes, uma festa de tentadora exclusão. Na porta uma placa anunciava que era proibida a entrada de armas de fogo. Nesse ambiente surreal, a pergunta que mais ouvi durante as quase duas horas de espera por amigos: o senhor quer vender o ingresso? O que confirmava o que já desconfiava, não pertenço a esse mundo, assim como o João Godoy, sim fui confundido com ele no lado de fora, insistentemente.