29 dezembro 2008

2009

28 dezembro 2008

mundo impossível




nas entrelinhas uma pequena pala da fala oculta, minha cidade não suporta o livre arbítrio, canhestra, sucumbe à fala demagógica da obscura idéia, enquanto isso, na rua dos bares, desenhos tortos são alinhados para, no entanto, resistir, enquanto podem, ao lugar comum, no ano que se aproxima, seremos todos vítimas de velhos demíurgos e suas teorias salvacionistas, veremos estradas obliteradas pela burocracia, vidas postas de lado, sem megafones, os gritos da urgência, sufocados por uma avalanche conservadora, mesmo assim, as perspectivas mudam e a vida escapará, matematicamente, diria o empalhador de lagartos.

Tecnicamente o marcador do tempo não se deixa contaminar por essa onda, segue a perspectiva paradoxal do cubo ao lado, sem poliedros simétricos, seremos vitimizados por uma onda de clichês, os objetos inanimados serão usados contra o contribuinte, mas a vida, essa deusa nosense, seguirá o seu rumo, esperando o fim da tormenta.

23 dezembro 2008

Ainda aquela vertente sonhadora

sonhos

18 dezembro 2008

na casadovivente


no ano colorado, a árvore despeja o tapete vermelho na entrada do prédio, vermelho é o dia, a praça, a rua, a saída para o aeroporto, a vizinha casa, a honorável comunidade que aluga apartamentos no condomínio, o padre da quermesse, os onibus da lotacao, a guarida e o cartão...todos vermelhos de glórias centenárias....

12 dezembro 2008

rio das árvores


no meio das árvores há uma cidade, uma peleja, desigual para a primeira e para o escrevente, corre rumo sem vento, apertado entre blocos, os passaros pousam nas sacadas dos prédios, atônitos e desarvorizados, desenraizados, como o olhar dos que ainda buscam a cidade baixa, ortogonal, vestal e levemente fragmentada, mas povoada de idilios, sons oblíquos e filhos da mae natureza.

07 dezembro 2008

achaques

acabou o campeonato, esse é um momento terminal, acabou, com esse jogo, o ano, todas as referências futuras serão eclipsadas por uma rede de notícias sobre quem vai e quem fica, e sobre como será o plantel da próxima pré-temporada, enquanto isso, os comentaristas vão encontrar as desculpas para o fracasso e as virtudes dos vitoriosos, por aqui, entre nós, a lição é óbvia, é preciso arranjar craques, isso não é suficiente, mas é necessário, times de jogadores esforçados e bem intencionados, operários da bola, não conquistam títulos, mesmo fazendo belas campanhas. Na undécima hora, prevalece o talento a disposição tática para o ataque orquestrado e o toque de bola que surpreende, envolve, empolga e apaixona, na vida, como no campo, pouca coisa se dispõe de pé sem inteligência criativa e sem visão aguda, nada de improvisos ou de marcação cerrada com jogadores desprovidos de habilidade, de técnica e capacidade de criar, esses times sucubem ao seu próprio ambiente e morrem na praia, invariavelmente. Não que um grupo recheado de craques seja um colateral imune a crises, nada é imune a crises, mas essa fórmula de mutiplicador linear e de curto prazo, conviverá sempre com a mediocridade dos empates ou de vitórias sem mérito, somar pontos nao conquista campeonatos quando o adversário sabe jogar.

04 dezembro 2008

me engana, vai...

a falta de um discurso claro só não é maior porque a conveniência permite essas acrobacias verbais, diz-se que esta na pauta, mas eu discordo, afinal sempre fui contra tudo que era novo e interessante para o país e que confrontava interesses corporativos arraigados, nossa agenda conservadora, prefere perdoar dívidas, cometer emprestímos para financiar amizades ideológicas, aumentar a despesa corrente e ampliar o tamanho do estadosquo, nada como uma retórica de aluguel para preservar a corporação, enquanto brinco com o futuro da nação de olho no calendário eleitoral. Tristes trópicos, terra brasilis, que pegou carona no atraso e conforma uma agenda sem méritos e completamente equivocada e cheia de truismos e sofismas, empurra o país para o interior da cratera, sempre a mesma liturgia maniqueista, simplista e de ameaça revolucionária[diz-se de quem aposta no atraso para confirmar suas crenças na beatificação do poder total].