30 julho 2014

Esqueçam a desigualdade

combatam a miséria, teria dito, um prestigioso pesquisador empírico sobre distribuição de rendas no começo dos 1990, [lembrar de encontrar  a referência completa e citação específica], esse discurso, continua o analista, teria convencido o todo poderoso Lula logo no inicio de seu mandato, desse roteiro teria nascido o fome zero e depois a explosão do bolsa família  e todos os conhecidos desdobramentos, re-eleição do próprio e depois a verticalização de postes, o midas transformaria Dilma, um sem paradeiros, mesmo sem entender nada do setor enérgico, em presidente eleita e com reais chances de ser reeleita depois de um desastroso governo. 
Em tempos de bigornas a vida dá voltas, melhor, a vida sempre surpreende, agora, passados todas as crises e o rumoroso e inefetivo fracasso da economia de mercado no império e na comunidade econômica européia, o discurso mudou completamente, seria o aumento da desigualdade e a desigualdade em si, o fenômeno a ser combatido e o discurso voltar-se-ia para o combate à desigualdade, isso, pasmem, porque a desigualdade nos EUA atingiu a perigosa casa dos 0,37 de Gini, lembrem que, no mesmo período, ou por todo o período, nosso Gini nunca ficou abaixo dos 0,52, estupendo. Somos o país mais desigual ou quase do mundo e só agora, porque um francês que morou e publicou nos EUA e que escreveu em francês uma peça quilométrica com teses sobre a inevitabilidade da desigualdade americana alcançar níveis brasileiros por conta da suposta inevitabilidade do r (retorno do capital) seguir maior maior do que o g(taxa de crescimento). O oportunismo humano não tem escrúpulos, agora, sabemos o erro de toda a política social anterior, e ainda precisamos crescer, uma rigorosa análise exigiria um mea-culpa, muitos pedidos de desculpas ou inevitabilidade de uma derrota convincente, daquelas para mudar a história. Nosso comportamento ideológico padrão, no entanto, nos colocará no mesmo lugar e o mais provável, nos tornaremos mais desiguais, mais pobres e sem moeda, enquanto isso, o famoso francês será desmentido  em suas casas, a francesa e a americana.

27 julho 2014

não vamos bem e não é só no futebol

perdemos como nunca, perderemos, se continuarmos nessa sequência de estágios sem controle ótimo, também em outros campos, o social e o econômico, se continuarmos com essa teimosia dos condutores da coisa pública. Excessos a parte, o governo deveria mudar o rumo, abandonar os projetos de briga com o mercado, seja lá o que isso signifique, e deveria adotar uma postura outra, menos intervenção no Bacen, menos maquiagem de contas públicas, menos bndes e, principalmente, mais liberdade econômica. Esse desenvolvimentismo de manual da década dos 1950 não serve para o mundo que vivemos. Ao certo mesmo, nem sabemos se já serviu um dia. Não é possível manter a economia girando em empregos pequenos e com baixa produtividade geral e apostando no direcionismo e no gasto público sem freios...blá, blá, blá. 
essa ladainha já foi repetida inúmeras vezes e todos estamos cansados de repeti-la e de ouvi-la. O diagnóstico é cansativo, como é cansativo e desgastante, sem redundâncias, comprar briga com o partido no poder, eles tem muita culpa, são culpados, mas todos somos e, portanto, o diálogo é necessário, e se alguém vai fazer a transição para um país melhor, a equação vai ter que incluir os que estão no poder por 12 anos seguidos, essa é a novidade, eles estão  cegos e errados, mas não é o ódio que vai faze-los enxergar que o país precisa de outra bossa de outra forma de atuação para superar o estágio um de inclusão social e prosperidade. Depois da estabilidade macroeconômica e do ajuste geral, deveria vir a virtude das políticas públicas e uma maciça dose de racionalidade econômica. Estamos fazendo exatamente o contrário, estamos jogando fora o pouco de racionalidade, credibilidade e previsibilidade que conquistamos com o Real por um projeto que não faz sentido em lugar algum, está na hora de conversarmos mais sobre ideias, boas ideias, e  de abandonarmos as trincheiras, isso é necessário para que consigamos evitar outro vexame, outra goleada, essa, a do fracasso econômico, bem mais dolorosa e que tem como vítimas maiores os mais necessitados e pobres na nossa desigual e espúria distribuição de rendas....

19 julho 2014

"por algum motivo insondável"

a leitura, só ela, impede o curso normal das palavras escritas pelo mesmo motivo do título, roubado do Daniel Galera logo na primeira página, pelo mesmo motivo, interrompo a leitura para escrever, pelo mesmo mote, sem saber o porque, eis o tom, o disperso tom, não saberemos nunca, mas ler, escrever, ler novamente, assim, no imperativo, somos, seremos, fomos, até agora mais lendo do que escrevendo, vivemos. Seres insondáveis, então, percorrem o arcabouço criativo, o uso despretensioso de palavras, a trama, a urdidura da mesma, a imensidão polar ou desértica dos fios condutores da vida, qualquer uma, seguem o insondável caminho, o 'path dependence' para alguns, parta outros, o "evolucionário ajuste a restrições insondáveis, como de resto, a hora última e o movimento das cifras nos "etudes de Chopin" ou no e do próprio Galera, que nasceu em São Paulo, mas veio viver em Porto Alegre, como o insondável ser que escreve sem propósitos, apenas para despejar a carga, arriar a burra, no pergaminho digital que nunca se apaga, o registro, ponto.