"Essa recessão vai durar o quanto for necessário para recuperar a indústria. A indústria sofreu o efeito dramático da política cambial. Todos os estímulos foram incapazes de compensar o prejuízo de valorizar o câmbio para controlar a inflação. Nunca faltou demanda para produtos industriais. O que faltou foi demanda para produtos industriais feitos no Brasil."(Delfin Netto, na fsp, 07/06/2015)
O Delfim Netto é muito educado e cuidados no uso das palavras desde a época dos militares (esse é um comentário para não esquecermos de quem estamos falando, mas não deve contribuir para o argumento). Uma interpretação livre e possível da entrevista: ele está mandando uma mensagem para o Governo e para a própria presidente, afinal ele é um dos conselheiros da presidente, informal, o que é outro ponto que deveria ser criticado, mas fiquemos com o relacionado a industria no Brasil. O argumento é engenhoso e é o idêntico ao do Bresser, só que melhor articulado e mais sútil e gira em torno do mesmo ponto: há desindustrialização no Brasil e para proteger a indústria nascente temos que fechar novamente a economia e deixar o cambio flutuar para o lado certo, ou seja, deixar a desvalorização real do real atingir o ponto da impossibilidade do que é externo em produtos. È a penúltima fase do modelo substitutivo a fase Bresser-Delfim o fim do mundo.
Nenhuma palavra sobre o que deveria ser feito para que a industria brasileira consiga produzir o melhor e o mais inovador produto no mundo com qualidade, baixos custos e sem subsídios ou protecionismos, uma peça dura e difícil de elaborar, mas mais interessante do que o atalho proposto pela dupla dinâmica, que se resume a intervencionismo dependente e irresponsável.