15 fevereiro 2013

João Godoy

a economia do sambódromo já merece uma analise qualquer, seja para mostrar que há um estado paralelo e que tudo funciona de forma estranha, uma vila apertada de casebres no corredor mínimo de acesso, uma falta completa de estrutura, seguranças estranhos, com vestimentas também estranhas, lembram policiais de outro pais, banheiros que não funcionam. "Água só no Ceará" gritava o chefe da limpeza na porta do banheiro do setor dois, um mal cheiro insuportável, sem papel, sem detergente e sem água, apenas uma imensa luva verde na mão direita do benfeitor. No estacionamento em frente carros de marcas e tamanhos que mais lembravam a chegada de comitivas de presidentes de país muito rico, um contraste estranho, na passarela do samba, algo semelhante, carros de limpeza motorizados limpam a pista do samba, mas nos degraus das arquibancadas e da passarela da vida real que dá acesso a avenida ou ao metrô  uma sujeira sem fim que lembra um lugar abandonado e sem vida, mesmo sabendo que diariamente por lá, pela passarela real, passam milhares daqueles habitantes da vila vizinha, a maioria excluídos de acesso ao trabalho na famosa passarela. O autor dessa peca arquitetônica devia saber o que estava fazendo, afinal, expor o contraste é uma forma de revolta.  O engano aqui foi ter esquecido o mercado e suas propriedades e ter cometido o equivoco de entregar uma festa popular para a `liga` e seus estranhos seguranças e para um  estado corrupto e seus comparsas, e para oligopólios de marcas influentes, uma festa de tentadora exclusão. Na porta uma placa anunciava que era proibida a entrada de armas de fogo. Nesse ambiente surreal, a pergunta que mais ouvi durante as quase duas horas de espera por amigos: o senhor quer vender o ingresso? O que confirmava o que já desconfiava, não pertenço a esse mundo, assim como o João Godoy, sim fui confundido com ele no lado de fora, insistentemente.

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