"Quem cheira pó não prejudica os circunstantes"(Drauzio Varella, na fsp de 13/12/14) é um raciocínio torto, mesmo sendo empregado para apoiar uma causa nobre, o combate ao uso do cigarro em ambientes públicos. O Varella sempre se posiciona bem, mas nesse caso esqueceu de observar que o eventual cheiro em público da cocaína teria/têm efeitos deletérios graves, mesmo que não visíveis na forma de fumaça e se constitui, portanto, um péssimo argumento lógico e/ou retórico. Aliás, boa parte da externalidades negativas provocadas por indústrias poluidoras são invisíveis e os seus efeitos negativos são de médio e longo prazo, tornando a regulação e a forma de orquestrar a produção socialmente ótima das mesmas um quebra-cabeça complexo e de difícil equalização e quase impossível de se obter consenso satisfatório para o meio-ambiente. Enfim, uma boa causa pode induzir um articulista a apoiar uma externalidade negativa ainda mais grave...
Peter Coy on DOGE
Há 2 horas
2 comentários:
Anaximandro:
A encrenca fica ainda mais desabotinada quando consideramos o conceito de "consumo recreativo". E temos que considerar, como referes, as externalidades negativas do consumo de drogas, o conceito de bem de demérito e o trio de agentes cuja autonomia decisória deve ser atenuada (crianças, criminosos e loucos). E até a implicação de que a liberdade do fumante não pode afetar minha liberdade de abstinência.
No caso das drogas, penso que o consumo recreativo não pode ser vedado a pessoas normais.
E no caso das piadas, já imaginei a situação de ir ao banheiro durante o jogo de futebol, haver alguém fumando crack, eu tornar-me fumante passivo e viciar-me!
DdAB
Sim, mestre Duílio, a coisa é bem mais complexa, o que me incomodou no artigo foi a ingenuidade do argumento, mas concordo que aos normais, por que não? abraço e obrigado, s.
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