Sempre com um sorriso franco ela nos recebia a tods de olhos atentos e acolhedores, querendo ouvir, por ouvir. A história contada por ela, qualquer uma, seguia um ritmo próprio, mas a forma como era contada, revelava, amor, calma, sabedoria, e a presença forte de uma nonagenária linda e carismática, quem se aproximava queria abraça-la, quem sabe para aprender um pouco mais de uma vida grande. Contrariando as previsões de quem ver sem olhar, ela nos surpreendia com candura, altivez e lucidez. Na minha despedida em janeiro consegui balbuciar um inexplicável a gente se ver ainda...ela olhou em minha direção e respondeu: a casa é sua, volte sempre!!!
Suas historias sempre eram ritmadas por um doce pois bem! seguido pelo dedo indicador batendo de leve na mesa grande e generosa, ali ficavamos, presos e encantados, com o ritmo, com os seus braços abertos envolvendo o próprio corpo e marcando o passo da próxima passagem do tempo....histórias surpreendentes de "rebeldia" com o papagaio ou de orgulho e determinação para cobrar respeito de quem tentou engana-la. Serena, sorriso amplo, ela recuava para lembrar que os desatinos eram fogo de palha, uma distração, nada mais, a fala seguinte era de alento, ternura e alegria, como quem reconta o que ouviu dos muitos outros em volta da mesa, apenas para atrair a atenção dos filhos, agregados, netos e bisnetos, todos atentos ao sagrado que fala por amor e em respeito ao desejo de proteção que todos buscavamos naquela senhora de olhos brilhantes, miudos e de uma cor indecifravel que nos recebia com bolos, cafes e afeto. Durante vinte e cinco anos de minha vida tive a sorte de compartilhar essa mesa e essas historias, sinais de amor eternos num canto qualquer da mesa, muito obrigado, por tudo!!!
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