15 fevereiro 2006

Imagens

Supostamente, diz o letrado homem público, a ciência e boa parte da teoria que acompanha o relicário, perecem porque as irm(imagens por ressonância magnética) cerebrais indicam que as decisões humanas são emocionais e nao racionais, humanas, num sentido, como se a idéia de racionalidade não fosse humana, e, mesmo que assim seja, o pretexto era antepor ao sensato equilíbrio fiscal e bom companheirismo da prudência nos gastos um bestiário de idéias requentadas que apregoam a volta do populismo e a ilusão monetária, mesmice, é um bom sofisma para essas invectivas, mesmo que a saxônica virtude, se ela houver, dos utilitaristas nao resistam ao choque tecnológico, não faz o menor sentido recuperar o ministro das finanças e todas as suas crenças simplesmente porque a tonalidade vermelha ligada a eletrodos acusa o suposto lado cerebral onde jaz a emoção, e reparem que a imagem é unidimensional de algo impenetrável que funciona por descargas "elétricas" em ambiente desconhecido completamente pelos humanos e no erre três, sem a pachorra de uma honestidade qualquer o infeliz articulista, cita, na mesma linha de quem antepõe falácias com a autoridade de uma besta, para adornar de suposta sabedoria letrada o incauto que acolhe como argumento de autoridade uma verdade das cavernas, nostálgica e mesmo assim reacionária, como nos piores momentos das manifestações de governos pifios de protoditadores. Vangloriam-se de um passado sem conquistas apenas para defender um feudo que pereceu de morte completa por incontinência de mal resultados e por colocar a população em apuros através de uma ignóbil corrupta ascenção partidária.

01 fevereiro 2006

arquivomorto

a decomposição da caixa é tarefa de dias ou meses, há uma pré-seleção que é mental e outra que é física, corpórea, exige tirocínio, paciência e um sentido qualquer de razão de ser. Papéis nao faltam nesse mundo das caixas, começam por povoar a prórpria noção das caixas de arquivo, são, em essência, a caixa e seus segredos, uma para cada assunto, para cada situação posicional, para cada verbete, cantorias, vasta alusão a textos seminais, pastas de papéis que teciam a composição do dia, horários pré-definidos mas nunca alcançados, intangíveis, há também os papéis do tempo, aquela caixa esquece o bilhete sem sentido, a resenha incongruente, a versão preliminar de coisa nenhuma, a outra, mais recente, ainda guarda a esperança de uma visita solar, de um afago da lembrança, caixas como queríamos, seletivas, inócuas na sua capacidade de dar vida ao que não conseguiu sair do projeto, do promissor projeto de vida, mas que virou texto esquecido na caixa de arquivo da esquerda para a direita, quatrocentas, datadas, percorrem décadas, uma época de sonhos e outra mais sombria, época da sensatez e da razão, épocas dos riscos de menos e da aversão aos deuses, menos, quem diria, cabia, na caixa debaixo da mesa, que menosprezava a silente dor na perna que varicelava, doloridamente tardia, a caixa ainda sabe que será descoberta por algum reencontro, por uma vontade de recomeço que sempre assola os viventes nas pequenas coisas perdidas, ou na descuidada vontade de rever as possibilidades na linha imaginária que não conseguimos prender, virulenta, às vezes, a caixa provoca a ira, a mediúnica vontade de gritar, passado, enfim, revigorado....