08 novembro 2013

oximoros urnológicos

Toda propaganda é enganosa, as com legendas e políticas, mais ainda. Essa é uma época surda para as idéias lógicas e pensadas, não somos afeitos ao pensamento estatístico, como bem diz-nos a economia comportamental que, como bem sabemos, não fala, nem pensa, agora vale o novo slogan que mudou para país rico é país sem pobreza, um oximoro ou pior do que isso... Vivemos dias de auto-imagem e auto-exposição onde o poeta vai ao fundo do poço, simbólico e abstrato, que seja, para colher a razão, o foco  ou motivação para uma vida sem graça ou fé, apenas uma peça boiando em oxítonas e outras dopaminas, mais uma configuração lúgubre e sem ritmo de uma vida entre papeis. Enquanto isso, na televisão, o governo proclama o fim da miséria e a volta da solidariedade fraternal, um recuo no país de todos, uma volta ao fratricídio retórico, oximoros de nós contra eles, os outros. Alheio a tudo isso, o país não cresce, a indústria perece, ah, os poemas sem pré-sal, uma resiliente inflação persiste, uma ideia forte de vale tudo se sustenta entre convicções tardias, ninguém suporta os valores plurais, ou estás no oximoro ou és o outro, apagado e sem sentido.

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