A palavra não funciona, é desencontrada, não tem ritmo e não serve como rima, improvável, o lenhador-navegador, sonha com uma volta nos braços do polvo, tentáculos e tentações não faltam, mas deixemos o barco correr, afinal, na primeira pessoa, navegar é preciso, viver, nem tanto. Essa salada mística, onde palavras banais e citações inapropriadas e equivocadas soam como sabedoria pagã, marca o prontuário e pontua a contagem regressiva. Não nos negaríamos a comentá-las, mas a volta do calor e a agitação da casa, demandam impressões mais interpessoais. Uma vaga, periodicamente, reencontra o dique, sem palavras exatas, a mesmice, a delação e a traição, compõem a cena, como se a rua ainda estivesse ativa para os oportunistas. O senhor não deve enviar recados sem assinar, afinal, temos que manter o diálogo. Diálogo, aliás, que mantém uma forte impressão belicosa, como se o outro fosse uma metástase, algo que agride e surge sem uma lógica aparente, em qualquer lugar. Não temos, portanto, controle sobre circunstâncias exogenamente definidas, mas podemos ter a consciência que não está em nós o ato de vontade que gerou ou criou a miséria humana, em certo sentido, estamos isentos e podemos como queria o senhor das vagas, "saltar para fora da possibilidade do soco" e apertar as esporas da vida com a mão firme no estribo....
12 outubro 2005
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Um comentário:
Oi professor,
Acho que esse texto foi o melhor que o senhor postou até agora! No entanto, sobre as pessoas não terem controle sobre fatores exógenos, isso nem sempre é verdade. Muitas vezes, temos como mudar aquilo que podemos controlar, fazendo com que isso reflita em ações exógenas, ações que, em um primeiro momento, não dependem de nós. Ficou meio complicado, né? Hehe.
Abraços.
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