a pedra, solitária, rodopia no terreno escarpado, como uma libertina, revive a algazarra da época da cheia, uma repetida e arriscada travessia, sem meio-termo, sem complacências ou acordos cerimoniosos para preservar a imagem ilibada, não faça, pensou a outra pedra, desse bólido uma diatribe, uma cornucópia da língua pátria, cavernosa na cabeça oca, para fortalecer a intransigência ou as idéias bobas e torpes, segure o avaté, repique o atabaque, mas não ponha na mesma sopa os nutrientes do vinagre e da massa, seja consciente da sua intangibilidade e da sua incapacidade virtual de por a bom termo os que seguram a bolsa como quem protege o patrimônio, outra hora se alevanta, de outra ordem, sem chavões ou palavras de ordem, apenas silenciosamente firme, em princípios e práticas, mesmo que a infeliz escolha da primeva pedra, precipite abismos...
2 comentários:
Diz Zimmerman: Nos vestíamos bem e jogávamos dimes a vagabundos. Como nos sentir, agora, que parecemos pedras que rolam sem direção? Sejamos pedra ou faca, e sua aritmética de metal? Por pontiagudo, não tenho escolha(Bad Philosophers are like slum landlords: It is my job to put them out of business): transigir é rolar e minha única serventia é a de corte; uma faca só lâmina. As pedras são mais úteis: podem se escolher de estilingue, ou de pendurar. Pedra que és, não foges, bem sei (o vi inúmeras vezes), do destino da vidraça quando se é preciso. Mas não posso, de nenhuma forma, me pendurar. A lâmina deseja o decepar, o que está abaixo. Tomo -- faca imodesta -- o post, no entanto, como a homenagem de quem, em sendo pedra (e não podendo estar sempre ao meu lado), soube ler com acuidade poetas revolucionados (à la João).
Obrigado pelo post.
Me esqueci: beijos saudosos
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