"Como salientou o geneticista François Jacob a evolução não é um designer original que resolve problemas novos com conjuntos de soluções completamente inéditos. A evolução se assemelha mais a um trabalho de bricolagem. Ela usa sempre a mesma coleção de genes, mas de modos ligeiramente diferentes. A evolução opera fazendo variar as condições existentes, peneirando as mutações aleatórias na estrutura do gene que dão origem a pequenas variações numa proteina, ou a variações na forma como a proteina se desenvolve nas células. A maior parte das mutaçoes é neutra ou até mesmo danosa e não sobrevive ao teste do tempo. Apenas as raras mutações que aumentam as sobrevivência e as capacidades reprodutivas têm probabilidade de ser conservadas. (...)
Em contraste com o engenheiro, a evolução não tira suas inovações do nada. Ela trabalha sobre o que já existe, seja transformando um sistema antigo para dar-lhe uma nova função, seja combinando diversos sistemas, para com eles arquitetar outro mais complexo. Se quisermos lançar mão de uma comparação, no entanto, seria o caso de se dizer que a evolução atua não como um engenheiro, mas como um engenhoqueiro, um bricoleur, como se diz em francês. Enquanto o trabalho do engenheiro depende da matéria-prima e dos instrumentos precisamente ajustados a seu projeto, o bricoleur tem que se virar com a miscelânia de coisas que lhe caem às mãos (...) Ele usa tudo que encontra ao seu redor, papelões velhos, pedaços de barbante, bocados de madeira ou de metal, para construir algum tipo de objeto aproveitável. O bricoleur apanha um objeto que encontra por acaso em seu estoque e dá a ele uma função inesperada. De uma roda de carro velho ele fará um ventilador, de um de uma mesa quebrada um guarda-sol. " ( Eric R. Kandel, 2006, p. 261 In Em busca da memória)
Em contraste com o engenheiro, a evolução não tira suas inovações do nada. Ela trabalha sobre o que já existe, seja transformando um sistema antigo para dar-lhe uma nova função, seja combinando diversos sistemas, para com eles arquitetar outro mais complexo. Se quisermos lançar mão de uma comparação, no entanto, seria o caso de se dizer que a evolução atua não como um engenheiro, mas como um engenhoqueiro, um bricoleur, como se diz em francês. Enquanto o trabalho do engenheiro depende da matéria-prima e dos instrumentos precisamente ajustados a seu projeto, o bricoleur tem que se virar com a miscelânia de coisas que lhe caem às mãos (...) Ele usa tudo que encontra ao seu redor, papelões velhos, pedaços de barbante, bocados de madeira ou de metal, para construir algum tipo de objeto aproveitável. O bricoleur apanha um objeto que encontra por acaso em seu estoque e dá a ele uma função inesperada. De uma roda de carro velho ele fará um ventilador, de um de uma mesa quebrada um guarda-sol. " ( Eric R. Kandel, 2006, p. 261 In Em busca da memória)
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