o cabo de ligar nao funciona, a fonte de energia está plenamente adequada, mesmo assim, algo rompeu no cabo, internamente, isso é pressuposto, rompeu-se algo, há uma similaridade endógena nessa analogia morfológica, cabos e fios não conseguem transmitir a energia que faz a máquina funcionar. As palavras do inicio da semana são como esses cabos de alta tensão, ocas de consistência e, por isso mesmo, incapazes de fazer funcionar o que poderia impulsionar uma vida digna, por exemplo. O discurso está bonito, mas oco de significado e incapaz, novamente, de retransmitir os incentivos e a invectividade que cria riqueza, renda, emprego e prosperidade. Por um punhado de votos a mais ou para não perder um punhado de votos ameaçamos perpetuar o assistencialismo via transferência de rendas, melhor, ou pior, transferimos baixa auto-estima, armadilhas e incapacidade de mudar o status quo, enquanto isso os candidatos da situação apregoam, nas mãos atadas do populacho, o lugar comum da partilha injusta e circunstancialmente oportunista. O bolsa familia é um equivoco tremendo e não estamos nos apercebendo disso ao transformar em beco sem saída o debate sobre a tecnologia de combate a pobreza no Brasil, por comodismo e baixo nível de visão de futuro, amarramos nossos filhos e os pais de nossos filhos ao Estado de bem-estar social alicerçado em precários retornos sociais, baixa inclusão e muito discurso fácil. Não se trata do velho jargão do ensinar a pescar, ou de não assistir com renda os mais pobres, ou do paterlismo que isso implica. Antes disso, perdemos a oportunidade de desenhar melhor nossos arranjos sociais para que o emprego e a renda se transformem numa realidade de vasto alcance social, negamos o direito de reformas amplas na previdência, no sistema político, na área tributária, no sistema público de educação, no sistema de saúde pública, etc por um conformismo de cunho populista, alicerçado em uma triade insustentável: endividamento público, juros altos e baixa produtividade geral da economia. Enquanto a burra guentar o tranco subiremos a lomba, mas quando a carga entortar veremos que perdemos tempo e que nossos indicadores sociais não são compatíveis com a dignidade e liberdades humanas reais. Desiludo-me da peça orçamentária e angustio-me com os ventos que levam a chuva para o mar....
07 julho 2010
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