"Vejo a natureza como uma estrutura magnífica que podemos compreender apenas imperfeitamente e que deveria inspirar em qualquer pessoa com capacidade de reflexão um sentimento de humildade" (Einstein, lá na coluna do Gleiser da fsp)
o epigrafe fala por si mesmo, mas lembrei, ou melhor, ele, o epigrafe, me fez lembrar da controvérsia da semana, o erro no uso da base de dados e na aplicação das fórmulas do excel e, por consequência, nas estimativas econométricas da correlação entre crescimento e dívida pública e do suposto ponto de inflexão, na casa dos 90% do PIB, quando toda a maionese desandaria, Rinhart & Rogof, (veja um bom resumo aqui), versus os estudantes de doutorado Herdon, Ash e Polin, que perceberam o erro na condução dos cálculos. Sem entrar em detalhes, assustou-me as reações, que se seguiram ao episódio, na minha TL, lógico, dois caminhos clássicos e, ambos, equivocados, completamente equivocados:
- não precisamos da econometria de Harvard(sic) e da estatística sofisticada, muito menos precisamos de evidências ou de algoritmos para analisar uma massa de dados gigantesca e microdados do censo, podemos, nós os estupendos alunos de doutorado, chegar a conclusões ainda mais inteligentes, usando apenas excel e matemática elementar...(essa é minha leitura de um meme que circulou nas redes sociais, que, infelizmente, não consigo transpor para cá). Não preciso explicar o equivoco ignorante que essa forma de reação inspira, uma mistura de achismo com ideologia radical, nada mais, aliás, isso é treva.
- a outra reação é a ainda mais estapafúrdia, como os autores do erro defendiam austeridade fiscal para combater a crise do euro e eles estão errados nos cálculos do seu famoso artigo, logo, podemos concluir, apressam-se os mesmos do item anterior, que a hipótese de usar austeridade como combate a crise foi, e está, completamente refutada, e, por conseguinte, a teoria oposta, que defende políticas pró-cíclicas de estilo keynesiana de multiplicador elementar e linear, está correta e deve ser seguida como deseja toda a heterodoxia global.
non sequitur clássico esses dois raciocínios são a fina flor da sandice ou da má fé e levaram analistas importantes e até alguns laureados a perderem o meu respeito e admiração, temos aqui, alinhados, oportunismo e cinismos combinados ao `jovenismo`essa tríade explica a patotada, ou patriotada da semana, (expressão que, no caso brasileiro, assume ares de irresponsabilidade democrática), em cima de um erro assumido pelos próprios autores.
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