sábado fomos a Restinga para mais uma pesquisa de campo: aplicar questionários, ouvir um pouco da história do lugar e tentar, de alguma forma, dá voz aos esquecidos. A cada visita a angústia com o destino de nossa gente, [o nosso aqui diz-se da nossa igualdade humana e a total assimetria de oportunidades que nos atinge desde o primeiro minuto de vida e por toda a vida], dessa vez, ocupações irregulares, melhor, ocupações do espaço urbano não alcançadas pelos tais bens públicos, esgotos com dejetos do banheiro e da pia, sic, passam na porta das casas, abertos, escancarados, na rua sem pavimentação, estreita, de terra e mato o que propicia a criação de uma canaleta de lama que invade casas de madeira sem piso...tudo a exatos 17km das escadarias da Borges, praticamente em linha reta, descemos do ônibus na praça teatro em frente ao fórum, um dia para não esquecer, 25 jovens nos acompanhavam...Em cada canto e a cada entrevista, a ausência do Estado de assistência social, a maioria beneficiários do Bolsa Família, mas sem escolas, esgotos, abastecimento de água tratada, sem alvenaria nas casas, sem vida econômica, só recebem, segundo relatos das mulheres da paz que nos receberam e nos conduziram, a visita de vereadores na época das eleições e depois são abandonados, descalças as crianças pisam na lama com a naturalidade com que esquecemos que o déficit público no Brasil comete crimes contra os desassistidos, contra aquela gente nossa que em tudo foram esquecidos, menos na concessão do midiático bolsa família, que "não serve para nada" disse-me uma senhora no meio da entrevista no meio de um dos esgotos que nos vigiava e nos denunciava, a nós os desiguais...
09 junho 2013
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2 comentários:
caro filósofo:
dois comentáros:
.a. acho vergonhosa a forma como o DMLU terceirizou parte substantiva da limpeza urbana de Porto Alegre e
.b. acho que a sra. que falou que seu estipêndio da bolsa família 'não serve para nada' preferiria um aumento à extinção.
DdAB
nada é o que parece, a forma de desabafo veio acompanhada de uma alusão a inflação dos alimentos, incompletos, ambos, o PBF repete o mesmo erro, governos perdulários com o BNDES esquecem a oferta de bens públicos em nome da vagal urna dos votos, a terceirização é efetiva no meu lugar de trabalho, muito e mais, que ouso propor a disseminação completa dessa prática, em tempos idos, o que não foi terceirizado no serviço público brasileiro está pior e pior, piorpior, como diria o vivente que usa ou precisa, no mais distendo-me a mais das contas, mantenho a visão do equivoco profundo que esse programa produz e concordo com Yunus, assistencialismo e dá dinheiro, mascaram a pobreza e prendem seres humanos numa armadilha de não ser atendido com dignidade, igualdade de oportunidades e cidadania...ufa. Obrigado, mais uma vez, pelo inteligente comentário...abraço do s.
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