combatam a miséria, teria dito, um prestigioso pesquisador empírico sobre distribuição de rendas no começo dos 1990, [lembrar de encontrar a referência completa e citação específica], esse discurso, continua o analista, teria convencido o todo poderoso Lula logo no inicio de seu mandato, desse roteiro teria nascido o fome zero e depois a explosão do bolsa família e todos os conhecidos desdobramentos, re-eleição do próprio e depois a verticalização de postes, o midas transformaria Dilma, um sem paradeiros, mesmo sem entender nada do setor enérgico, em presidente eleita e com reais chances de ser reeleita depois de um desastroso governo.
Em tempos de bigornas a vida dá voltas, melhor, a vida sempre surpreende, agora, passados todas as crises e o rumoroso e inefetivo fracasso da economia de mercado no império e na comunidade econômica européia, o discurso mudou completamente, seria o aumento da desigualdade e a desigualdade em si, o fenômeno a ser combatido e o discurso voltar-se-ia para o combate à desigualdade, isso, pasmem, porque a desigualdade nos EUA atingiu a perigosa casa dos 0,37 de Gini, lembrem que, no mesmo período, ou por todo o período, nosso Gini nunca ficou abaixo dos 0,52, estupendo. Somos o país mais desigual ou quase do mundo e só agora, porque um francês que morou e publicou nos EUA e que escreveu em francês uma peça quilométrica com teses sobre a inevitabilidade da desigualdade americana alcançar níveis brasileiros por conta da suposta inevitabilidade do r (retorno do capital) seguir maior maior do que o g(taxa de crescimento). O oportunismo humano não tem escrúpulos, agora, sabemos o erro de toda a política social anterior, e ainda precisamos crescer, uma rigorosa análise exigiria um mea-culpa, muitos pedidos de desculpas ou inevitabilidade de uma derrota convincente, daquelas para mudar a história. Nosso comportamento ideológico padrão, no entanto, nos colocará no mesmo lugar e o mais provável, nos tornaremos mais desiguais, mais pobres e sem moeda, enquanto isso, o famoso francês será desmentido em suas casas, a francesa e a americana.
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