Sempre evitei falar de mim,
falar-me. Quis falar de coisas.
Mas na seleção dessas coisas
não haverá um falar de mim?
Não haverá nesse pudor
de falar-me uma confissão,
uma indireta confissão,
pelo avesso, e sempre impudor?
A coisa de que se falar
até onde está pura ou impura?
Ou sempre se impõe, mesmo impura
- mente, a quem dela quer falar?
Como saber, se há tanta coisa
de que falar ou não falar?
E se o evitá-la, o não falar,
é forma de falar da coisa?
João Cabral de Melo Neto
2 comentários:
João. Sempre João. Só João. Falo alto ou falo baixo: João, como a Espanha, é coisa de colhão. Se dizia "Diamante barato, que vale pelo que tem de cacto". Erro. Diamante só.
Vnc,sempre vini...bjs
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