29 março 2010

poetativas

“o dia não veio,/o bonde não veio,/o riso não veio,/não veio a utopia/e tudo acabou/e tudo fugiu/e tudo mofou,/e agora, José?”
(......)
Com a chave na mão/ quer abrir a porta,/não existe porta;/quer morrer no mar,/mas o mar secou;/quer ir para Minas,/Minas não há mais./José, e agora?
(......)
 “você marcha, José! José, para onde?”

(Carlos Drummond de Andrade)

28 março 2010

meus filhos nao entendem...

27 março 2010

o outro eu e o escritor de minas

não foi a primeira vez, de tempos em tempos o mesmo episódio, confundem o meu nome, tenho a alcunha dos escritores, mas nao sou fernando, e o meu nome não é sobrenome, da primeira vez, ligaram para minha sala, voz feminina em tom agudo, soprano nos versos e meneios, quase entabula uma malevolente saudação, e ai guri, tudo bem contigo? o guri foi a pista para o equivoco, nao era comigo, nao poderia ser, convicto lembrei que o meu nome era o primeiro e que o outro, apesar de colega, nao ficava na mesma sala e, bem mais jovem, seria obsequioso e oportuno procura-lo, nao a mim. agora a mesma cena em outro contexto, para nao fugir aos autos, reproduzo a troca de telefones entre o produtor de progama da tv local e o outro eu:
X. alo, professor ....(aqui ele falou o nome que tem o matiz do equivoco), teremos um painel hoje sobre o pac, o senhor poderia participar, mesmo tendo saido do governo?
Y. ola como tal, sem tempo, ja vai tarde o que me ligas, mas participo na bucha tche, como é que nao, porque nao convidas sempre?
X. professor, o senhor está muito alegre, que bom que aceitas...gravaremos na sexta pela manha, entao podes chegar as 8horas
Y. china na calcada, gaitano fole, meu canto alegretense alegra a toda a gente....pode deixar!!!

produtor experiente e consciente de seus deveres, mesmo achando estranha a verve piadistica do professor, retomou a ligacao no dia seguinte, para confirmar data e horario da gravacao
X. professor estou ligando so para lembra-lo do nosso compromisso...
Y sim como nao, to ate pensando em levar os batuques da bambas da orgia e um amigo meu de fachinal, estarei la sem faltança...
X o senhor está alegre, hein? otimo, muito obrigado
no dia do programa o professor que de semelhanca comigo so tem o sobrenome, chegou em trajes de gala, e ja dizendo, sou cantor, mas posso falar de tudo,  do pac, entao, é um nada e posso falar por horas, exato como fazem os caras de brasilia e aquela mulher enlatada, duble de candidata, tive aulas, mas  sou ex-professor de atabaque e de carteado na praca da alfandenga....bem, o resto da historia é previsivel, foi barrado no programa que deveria contar com dois economistas e dois deputados federais, o outro faltou, o do primeiro nome onipresente no segundo nome de todos, porque pensam no escritor de minas quando lembram do seu nome, afinal, meu primeiro nome nao existe no brasil, so na italia e para mulheres desde a mae do meu pai, que ja sabiamos dessa historia, agora, somos confudidos tambem na capital dos gauchos....

24 março 2010

Acidentes de trânsito e alcool - um estudo


essa pesquisa foi realizada com apoio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), uma parceria multidisciplinar que reuniu o Nepta do Hospital de Clinicas e o programa de pós graduaçao em economia - PPGE, ambos  da UFRGS. Resultados expressivos de uma longa e frutifera pesquisa. Como nao posso nominar a todos recomendo fortemente a leitura do livro, além de auto-promoção fica a lembrança de que trabalhos de economia aplicada podem ajudar sensivelmente a construir instituições e um arranjo social equilibrado, justo e próspero. Segue aqui uma pequena amostra, recomendo todo o trabalho, com especial ênfase nos capitulos 4, 14 e 15. Boa leitura!!!

21 março 2010

vivo de economia, mas prefiro poesia...

O secretário Nakano, por assim dizer, o rei da privatização nos anos noventa, durante os saudosos anos do governo Covas, rompe com o seu passado de glórias, ao propor um pragmatismo convergente em direçao ao estatismo de outrora que ele, mascara com um truismo, estado de desenvolvimento nacional, nas suas palavras exatas: "retomar o projeto de desenvolvimento nacional, interrompido em 1980", na mesma e plástica folha, leio o poema que nao consigo reencontrar, assim como os poetas, nao vejo possibilidades na mesmice, nao vejo criatividade inteligente nos murais da esquerda conservadora, aquela dos muros, dos presos políticos e do estado a qualquer preço, tambem nao percebo nada mais que velhacaria e chavões na retórica desenvolvimentista e nos discursos contra a liberdade de imprensa, poetas, como abelhas cegas nao aderem ao maneirismos acrobáticos da intolerãncia nacionalista, sonham diferente, estado e mercado- rima pobre - palavras doces, nao tentem romper o ciclo de suas rotinas, com uma convergência em ão, inflação, corrupção, apropriação privada dos impostos, rimas para o pobre diabo que esqueceu seus feitos e aproveita o soluçar das finanças para defender o passado que nos condena, novamente a falta de criatividade dos que nao sairam do séculodezenove e vivem atrás das benesses do estadodebemestarsocial de latão, sem produção, sem inovaçao, como abelhas que cercam o nectar sem produzir o melado, uma dúvida resta-nos explorar, por que sucumbimos ao lugar comum e não ousamos discordar dos "formadores de opinião"?

17 março 2010

o tocador de vacas

a vaca não é a mesma dos paises baixos, não deu sinais inequivocos de seus mugidos, mas adora sal e os  sintomas de sua presença começam com pequenos soluços, ruminações na cobiça alheia, trotes leves na esplanada, dores lombares nas costas do sauípe e na baixada fluminense, campus largos, lobbys na atmosfera global, passeatas na avenida rio branco, a mesma do petróleo é nosso e dos sindicatos do bancoop, até os jogos, olimpicamente chorados, sentem-se ameaçados pelas partilhas de ibsen, nao aquele da terra de bergman e seus textos em tons escuros e de aguda largueza humana, mas o ibsen da cachorra, o tocador de vacas, o da outra casa de espetáculos do planalto central, o nosso ibsen é deputado com o sentido exato de quem já teve o seu mandato cassado, mas compartilha com a vaca, a sua largueza e a capacidade de semear estrume da discordia, é o começo do declinio, do nunca antes, do pacto federativo, o primeiro do novo milenio, o primeiro da nova republica, como sempre, a ganância e o oportunismo de gente pequena e o arranjo para eleger a mãe da "logo" de plástico, assim, dessa forma lá dela, a vaca  e sua maldição, começam a sua sina, é o instinto selvagem dos ruminantes que nos empurra para a crise de odor fiscal, e para o enredo tropical, aos que ficam o fardo de tuas estatais de merda, mas dizem que é oléo da zona abissal, nao poderia ser diferente, vindo do planalto central, ainda não há evidências, é verdade, mas é real, pois a vaca adora pré sal e uma ração concentrada em gás natural fétido e intestinal, como todas as outras...

14 março 2010

leituras para acalmar o ciático

" Como nos ensina a filosofia de ciência de Karl Popper, proposições científicas não são aquelas feitas por cientistas, mas aquelas que não são negadas pelos fatos. "Matéria atrai matéria na razão direta das massas e na razão inversa do quadrado das distâncias" não se tornou parte da física por ser uma proposição enunciada por um cientista do calibre de Isaac Newton, mas simplesmente porque nunca foi negada pelos fatos.
Mas há pessoas que divergem dessa postura, e diante de fatos negando suas "teorias" preferem ignorá-los. Afinal, elas resistem em abandonar uma "bela teoria" porque um "mero fato" a nega. Quando isto ocorre preferem desprezar os fatos, apegando-se apenas à sua retórica. Não é o meu caso. Pelo menos posso dormir tranquilo, tendo a certeza de que afinal a terra não é plana, poupando-me do risco de cair no abismo quando me movimentar sobre ela." (Afonso Celso Pastore, Jornal Estado de São Paulo, 14/03/2010)

10 março 2010

bibliotequianas

desenvolvimento humano

08 março 2010

metades incompletas e uma natureza morta

o realismo é chato diz o poeta, ao pé da letra, "reproduzi-lo é chover no molhado", mesmo que a primeira referência seja de adereços na tela, imagens sem sentido objetivo, palavras de quem come grama na torre da capital, vexame internacional, cenas da teia da vida, sem distinções, sem novos matizes, apenas a enfadonha ladainha dos discursos em linha reta, dramáticos, é verdade, mas de uma oca representação da vida, apenas, diria o poeta, mais uma cartilha do politicamente correto agora em tom de ameaça ideológica, a velha patrulha dos tuberculos do outro lado da cerca, se fosse filme seria, " a vida dos outros", se fosse livro, misto quente do velho safado, se fosse caneta,  tinteiro, se fosse show, guns N' roses, se fosse músico, sebastian bach, se fosse jogador de futebol, ronaldinho e abozanieri, se fosse filosofia, rimas nao desceriam da mudiça, vasos de alabastros nao suportariam a água turva que  escorreria da bica,  da chuva da tarde, o filho do padeiro sujou as mãos na grama da capital, se fosse irmão, esquizofrenia, se fosse doença, liberdade, porém nada de realidade, apenas livros em camadas supepostas, equações dinâmicas e seus gradientes, a série convergente e os ruídos brancos, negra só a falta de luz do quarto, obscurantismo do abajur sem capa, ainda acreditas na virtude dos homens sem poder, apesar da infâmia da bomba de escárnio de picarescas falas, feche o livro que não queres ler, sempre....se fosse mulher, saberias usar o hipocampo para encontrar o número setentaetres, a vila pobre, o sobrado na casa de comer, e o desejo de viver mais uma vida na tua companhia.

04 março 2010

desista, Monga!!!

monga é a principal atração dos parques de diversão da minha cidade, reza a lenda que em noites de lua cheia ou não, monga transforma-se em um monstro de odor impronunciável e o porte de um king kong, sobeja as mãos, uiva, enquanto sacode as grades em fúria, coloca em pânico toda a gente apertada naquele espaço de chão batido coberto por uma velha lona de caminhão, há registros de desfalecimentos, taquicardias e noites insones dos que sobreviveram à visão das trevas, monga em noite insana ataca a turba, é a manchete dos jornais no dia seguinte na minha cidade natal. hoje sabemos que os efeitos especiais de primeira geração (leia-se efeitos básicos e de uma precariedade absurda até mesmo para a minha infância) provocavam a transformação de uma mulher belíssima, para os padrões da época, etc, em um monstro assustador, luz,trilha sonora e sombras, e muita imaginação compunham a cena. sabe-se, porém que na paraíba, um grupo de estudantes, botou a correr a famosa monga, gritaram e ameaçaram invadir o labirinto que monga habitava, um corredor escuro e malfedido, os estudantes foram tão realistas que o locutor teve que intervir - "calma gente, o show é de monga"
Monga era uma fantasia, provocava a imaginação e animava ao tédio infantil, atendia a todos os predicados de um trilher: gritos, ameaças, noites sombrias, bestas gigantes.... em seguida, monga se transforma numa bela mulher.
Infelizmente, a monga da vida real, a candidata fabricada, não é bela, seus efeitos especiais são produzidos por uma estatal ineficiente e o seu gestor a usa para obter o poder sem escrúpulos, se eleita, monga não será "uma doce mulher que alimenta os sonhos na noite do interior", mas sim um blefe feito de conservadorismo autoritário, mandonismo e de idéias estatizantes que só atendem aos interesses e apetites dos afiliados dos partidos que a apoiam, representará uma ameaça a estabilidade que tanto desejamos, se nada disso ocorreu ainda, é porque o arranjo que sobreviveu até aqui foi construído em outro governo e outra época, monga, assim como a minha monga, vive nos anos setenta e ainda nao se libertou das idéias do passado...na melhor das hipóteses, o locutor deveria gritar agora, desista monga...

03 março 2010

novo termo



'Assim começa o semestre, formigas na mesa de trabalho antecipam o rigor do inverno, curvas e suas constantes de integração moldam o plano cartesiano, ainda nao programas em uma linguagem descente, mesmo assim, antecipas dificuldades com a folha de rosto, os eleitores da outra tribo nao percebem o perigo na falta de propostas, o meu vice sucumbe a vaidade, e minha mente precisa de dopaminas, para conter o interlúdio, bethoven ou alan berg, você escolhe.'