certamente não, foi essa minha reação ao anuncio de que o nobre ex-presidente do Uruguai teria cometido a indiscrição de publicar em autobiografia autorizada ou coisa pior, uma conversa com o também ex presidente, Lula, na qual o segundo confessara ao primeiro que sabia do mensalão e que até apoiou ou participou ativamente porque essa era a pratica possível da governabilidade.
certamente, não deveríamos publicar algo tão óbvio para o não sem tomar muitos cuidados precaucionais. obviamente um ex presidente de esquerda que apoia o presidente Maduro e que, portanto, fecha os olhos para todas as barbaridades que por lá acontecem, não cometeria um furo jornalístico tão óbvio.
Entre nós, no entanto, a reação foi a mesma de clássicos futebolísticos, os crédulos de oposição saíram reproduzindo o 'fato', já os hipercrédulos da situação saíram-se com duas falácias lógicas. Falácia um, agora é irrefutável, ao negar o que não afirmara, tem-se a prova definitiva, Lula não sabia e o mensalão nem mesmo existiu. A falácia dois já é quase um bordão, a imprensa golpista atacou novamente. essa parte da falácia veio acompanhada de um kit de anedotas: memes reproduzindo frases com inverdades sobre o magnânimo Lula, em encontros com empreiteiros corruptos, por exemplo, para em seguida nega-las, etc.
[ Algum dia, teremos que criar o prêmio para memes, pelo menos ficaríamos sabendo quem os financia e gerencia.]
Esse pequeno episódio da vida cotidiana e suas repercussões atestam o nosso precário arranjo, as falácias e a credulidade nada mudam em relação ao ocorrido. Lula sabia ou não sabia, articulou ou não articulou? Tudo é uma hipótese ainda, não há evidências além das palavras. Sinceramente, a minha convicção é a de que ele sabia e de que participou ativamente, mas essa é apenas uma hipótese lógica de trabalho, não submetida ao rigor das evidências, as quais, infelizmente nunca teremos. Com ou sem Mujicas o ex presidente Lula continua sendo um suspeito potencial robusto, na minha opinião, lógico.
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