31 outubro 2009

reincidências

27 outubro 2009

todas as memórias são inventadas

cabe redizer o mesmo, afinal, todas as memórias são inventadas e não estamos falando de memórias seletivas, falamos do fio d´agua que liga o tempo presente ao passado, qualquer um, fio, ou tempo, passado ou presente, são obras da humana gente que somos ou fingimos ser, mesmo que ouricuri não seja a terra do poeta, a rima na recife dos ratos no centro e da livraria do sete, são alusões da lembrança ou forçosa imagem do desejo de ser lembrado como recifense ou outro ser, de oricuri o trem ruma para o sertão de gilbués ou para a petrolina de juazeiro, prima irmã daquela outra cidade do galo pendurado na torre de raios na igreja matriz, na praça capital, sem querer, inventamos a lembrança, o que nao dizer da replica, do trem, do jogo de bola na alameda, do cercado nas quebradas da ribanceira, de maria mole na areia branca do riacho, entre juritis e siriemas, encontro improvável que só a invenção de uma memória, também ela, inventanda, como o passado de glórias do partido do presidente, ou a trajetória do senador de ourofino, ou a fala do bispo na ladeira dos quatro becos, inventamos a memória para não morrer no dia seguinte, de sem memória ou de falta de glória, sem memória morreriamos precocemente, por isso inventamos a memória do viver, frutapão na calçada alta, pés de café no caminho dos poços ao pé da bica, arvóres tombadas na grota, pipiras soltas, sibilam o teu nome, memórias...

26 outubro 2009

inelutável


"Hoje decidi anotar meus pensamentos contra a morte de maneira como eles me vêm, aleatoriamente, sem nenhum contexto e sem submete-los a um plano tirânico. Eu não posso deixar que essa guerra passe sem forjar no meu coração a arma que dominará a morte. Esta arma terá que ser atormentadora e traiçoeira, coerente com ela. Eu queria, em tempos menos limitados, fazê-la vibrar sobre brincadeiras e ameaças ousadas; eu imaginava a derrota da morte como um baile de máscaras. (Elias Canetti, 1905-1994)"

22 outubro 2009

A bento, voltarei



na terra do Bento, Gonçalves não vai, não foi, não sei, mas eu irei, novamente, desde a primeira vez, lembro-me pouco ou nada, além do vinho e do motel nos costados do corrego, lembro-me da marrom e do carro sem gasolina, e da graspa no café da manhã no bar da esquina, de lá também vem a última lembrança da amiga fafá, risadas e o leinte quente improvisado, mais não lembro, apesar de por lá ter voltado outras quatro vezes, tranquilas, viagens de trem e de queijos em Barbosa, Carlos, poucas vezes fui a um lugar tantas vezes sem carregar alguma imagem ou lembrança, em Bento é assim, se não cuidar perde-se o trem e o juizo, pois bem, amanhã mais uma viagem, agora na poltrona 21 do semi-direto [diz-se de quem parando aproxima-se do destino em lá chegando, volta por conta do tempo perdido]. Como sempre adoro a estrada da serra, por lá dexei uma boa dose de meus casmurros e uma corredeira nas ladeiras, algumas garrafas na parede lateral do quarto de domir e mineiridades de copiosa lembrança. Apesar de não conhecer e não saber, a essa Bento já fui, repito, quatro vezes, Bento do duque e da Bia, beneditinos sabem dizer que por lá passou um tropego nordestino, vindo de minas num lombo de um jegue, falou sobre abertura econômica e sobre os custos econômicos do vinho consumido ao volante, por lá comentou a inapropriada figura dos movimentos sociais e assobiou a nona em redondilhas, demonstrou o quarto teorema de jogos estritamente competitivos  e montou na sela do mangalarga, na volta só descida sem paradas, eu espero...

Ação afirmativa, pra quem?


"In a global justice problem, equality of opportunity is satisfied if individual well-being is independent of exogenous irrelevant characteristics. Policymakers,however, address questions involving local justice problems. We interpret a collection of local justice problems as the decentralized global justice problem. We show that controlling for effort locally, which is not required by the global justice objective, is sufficient for decentralizing equality of opportunity. Moreover, under some conditions, equalizing rewards to effort is not only sufficient but necessary. This implies in particular that most affirmative action policies may not contribute to providing equality of opportunity." (Caterina Calsamiglia. In INTERNATIONAL ECONOMIC REVIEW Vol. 50, No. 1, February 2009)

21 outubro 2009

Regional growth

Specifically, when the economy moves from dispersion to agglomeration, the rate of innovation tends to increase. Consequently, if the growth effect triggered by the agglomeration is strong enough, then even those who remain in the periphery will be better off. Hence it can be argued by Rawls' principle that there is no real conflict between growth and equity here, in the sense that all workers are made better off. It should also be stressed that this Pareto-optimality property does not require any transfer whatsoever: it is a pure outcome of market interaction. (Masahisa Fujita and Jacques-François Tisse, 2009, p. 116)

20 outubro 2009

Magnitude acidental e o IOF.

"A expressão russa para variável aleatória se traduz como magnitude acidental. Para os planejadores e teóricos da Administração Central, isso era um insulto. Toda atividade industrial  e social na União Soviética estava planejada de acordo com as teorias de Marx e Lênin. Nada poderia ocorrer por acidente. Magnitudes acidentais poderiam descrever coisas observadas em economias capitalistas - não na Rússia. As aplicações da Estatística matemática foram rapidamente sufocadas."(David Salsburg, 2002, p. 129)
...è invevitável uma sensação de desamparo e perplexidade diante dos movimentos da Fazenda e de seu Ministro no combate ao que ele chama de alta especulativa do dólar.  Uma por uma, eles vão aplicando todas as teses heterodoxas em proveito próprio, é claro. Meu temor é o próximo passo, além da Vale o que mais vai ser doutrinado ou encampado? Retóricas a parte, vai longe o tempo em que medidas rídiculas eram tratadas com o sarcasmo e deboche que merecem. No atual governo tudo se resolve com a ampliaçao dos poderes do Estado. A inteligência criativa resume-se a aumentar impostos, aumentar os gastos permanentes e promover a trasnsposição messiânica das águas do velho chico. Nesse ritmo os anos noventa serão apenas uma magnitude acidental em sentido laico.

17 outubro 2009

Clips


Como diria o rei...

"Nos lençóis mácios amantes se dão
Travesseiros soltos, roupas pelo chão
Braços que se abraçam, roupas que murmuram
Palavras de amor enquanto se procuram."
Roberto e Erasmo

14 outubro 2009

poema metalúrgico em: saudade de minas

TREM DE FERRO



CAFÉ com pão

Café com pão

Café com pão


Virge Maria que foi isso maquinista?

Café com pão

Agora sim

Voa, fumaça

Corre, cerca

Ai seu foguista

Bota fogo

Na fornalha

Que eu preciso

Muita fôrça

Muita fôrça

Muita fôrça



Oô...

Foge, bicho

Foge, povo

Passa ponte

Passa poste

Passa pasto

Passa boi

Passa boiada

Passa galho

Debruçada

No riacho

Que vontade

De cantar!



Oô...

Quando me prendero

No canaviá

Cada pé de cana

Era um oficiá

Oô...

Menina bonita

Do vestido verde

Me dá tua boca

Pra matá minha sede

Oô...

Vou mimbora vou mimbora

Não gosto daqui

Nasci no sertão

Sou de Ouricuri

Oô...



Vou depressa

Vou correndo

Vou na toda

Que só levo

Pouca gente

Pouca gente

Pouca gente...

A bailarina que tomava morfina...

não tente repor seu doutor, em dias de sol, sinto a falta de ar dos asmáticos, as páginas sem números no talão de cheques de viagens, a angustia do feriado, o chá das senhoras na alfaiataria, os meus besuntados bifes cortados em fila no freezer, a visita dos amigos,  as incertezas de  horas no estacionamento lotado, e lá, naquele retumbante show, acusam-me de dor, quando o que precisamente significa nao sabemos, ela a dor, retorna. Mais um nobel sem resultados palpáveis na já surrada e douta ciência, senhora dos lugares comuns ganha prêmio inédito para mulheres, sem a intervençao do estado, divide a farra com o senhor das grandes corporações sem conflitos, mesmo antes dos primeiros sintomas, coça-me a epiglote, porque mesmo esperar a vitória da paz diante de um factóide? Divagações demais para apenas uma dor e uma dose, alergias me levaram a tamanha opção, mesmo sem os canhões das caixas de votos afegãs, em chamas vibram com o trofeu nas mãos, os eleitos. A bailarina, essa menina das noites fazendo arte, descansa enquanto a outra senhrôra alavanca as ongs, governança e símbolos, não soa bem essa droga, dores já nao sinto, mas o bailado tartumedeia a voz rouca, palmas espalham essse fervor pelas pontas dos dedos em zigzague entre as ampolas destampadas, sonolento, o nariz ouve a respiração dos senhores de fraque da soberba escola, instituições do medo zelam a esperança dos liberais do norte...danças hungaras na vitrola da bailarina.

07 outubro 2009

arma de fogo


chuvalhada

02 outubro 2009

Posto 6, voltando da glória



Tudo bem, tudo mal, vamos ouvir muita gente boa querendo faturar, levaremos umas pernadas, nada vai mudar afinal. Falaremos das verbas, dos desvios, da violência, dos desenganos, por que não? Falaremos até da segunda divisão e do flu, vasco não, dos morros que nunca subimos, da linha amarela, da serra e suas florestas, tijucas e olarias, petropólis e suas encostas, dos ônibus que nunca param na linha, dos carros na calçada, das praias na segunda a tarde, do largo, da lapa e suas canecas, do arrastão, da saida do túnel em balas perdidas, falaremos, e muito. Porém, ai porém, sem dá na vista, algo acontece nesse mundo que nao está nos manuais e nem obedece a qualquer lógica, apenas explode, como bolhas ou manivelas de barco a lenha. Nas trilhas do metrô, falaremos até das celulites no leblon, do botafogo e sua falta de jeito no engenho de dentro, da praça do lido, em copacabana, essa semana e nas próximas, mesmo sem querer, falaremos da fome, da miséria da bala perdida, mais uma, e de todos os achaques da vida na vila sem esgotos e na cidade dos deuses e dos políticos, e de suas façanhas, também querem uma medalha, pouco importa, e ainda nao fomos ao jardim botânico, ao fundão da praia vermelha, piscinão e suas pastelarias, os altos da glória, ipanema, que pena, nada mais...oxalá, saibam os deuses jogar os seus buzios em angra, e, se eles existissem,[os deuses], certamente, estariam na mesa de bar bebendo o dia dos cariocas e de todos nós... amém!!!