14 outubro 2009

A bailarina que tomava morfina...

não tente repor seu doutor, em dias de sol, sinto a falta de ar dos asmáticos, as páginas sem números no talão de cheques de viagens, a angustia do feriado, o chá das senhoras na alfaiataria, os meus besuntados bifes cortados em fila no freezer, a visita dos amigos,  as incertezas de  horas no estacionamento lotado, e lá, naquele retumbante show, acusam-me de dor, quando o que precisamente significa nao sabemos, ela a dor, retorna. Mais um nobel sem resultados palpáveis na já surrada e douta ciência, senhora dos lugares comuns ganha prêmio inédito para mulheres, sem a intervençao do estado, divide a farra com o senhor das grandes corporações sem conflitos, mesmo antes dos primeiros sintomas, coça-me a epiglote, porque mesmo esperar a vitória da paz diante de um factóide? Divagações demais para apenas uma dor e uma dose, alergias me levaram a tamanha opção, mesmo sem os canhões das caixas de votos afegãs, em chamas vibram com o trofeu nas mãos, os eleitos. A bailarina, essa menina das noites fazendo arte, descansa enquanto a outra senhrôra alavanca as ongs, governança e símbolos, não soa bem essa droga, dores já nao sinto, mas o bailado tartumedeia a voz rouca, palmas espalham essse fervor pelas pontas dos dedos em zigzague entre as ampolas destampadas, sonolento, o nariz ouve a respiração dos senhores de fraque da soberba escola, instituições do medo zelam a esperança dos liberais do norte...danças hungaras na vitrola da bailarina.

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