28 novembro 2009

a peça


vertical e exuberante a peça ergue-se no plano alto a bordejar o mar, de aquitetura simples, linear como se vê, nada mais, salões superpostos em andares, dizem 23, mas se contarmos os que ficam ao res d´agua e o logo acima no improviso de pedras de proteção, deve ser essa a pedra ancilar dos lançamentos, em todos os casos temos ainda o pós vintetres, mirante de segris, ou algo com essa sonoridade, portanto, 28 seria uma boa idéia do espigao de concreto e maresia, a decoracao interna nao é de luxo total, mesmo já tendo alcançado o seu apogeu, continua imponente e de tomadas duplo foco, algo incompatível com fio terra e computaores portáteis, mas o controle funciona, o que me basta, nas noites, foram três ou quase, pude contemplar a vila de sao salvador a partir da praia vermelha ao lado de pituba, se nao me engano com os lugares, como é o costume, o que ansia é a sensacao de isolamento do alto-mar, por onde olhas, ele o mar, acorda mar, dorme mar, e assustado lembras da jangada sem ondas no meio do decimosegundo andar, la estava sofismando em alto mar, entre as rugas daquele tecido móvel, aportamos na angustia das ondas, movediças, entrecortadas, puras e salobras...apenas a banal lembrança das folhas de amêndoas na calçada da avenida principal, infãncia e a fuga para festa dos outros, aquela que converte em panelas os aglomerados humanos....

minudências

22 novembro 2009

ler e viver

leio na revista da folha que a casa completa sessenta anos de vanguarda, mesmo nao sendo um oximoro, o sempre nunca antes do bicaco, é estranha a construcao, afinal vanguarda e tradicao andam na contramao, a mesma contramao que impede o fluxo normal das idéias, e que anda soberbamente nas maos do plenário que ao julgar, transfere o poder absoluto para o executivo. Nao entendo muito dessas coisas, devo confessar, mas soa estranho esse rito processual, isso, essa estranha jeguice, que perdoem os jegues, reforça ainda mais o meu ardor parlamentarista, numa sub-representaçao com tantos desequilibrios como a nossa, prefiro, do veroo defender, o parlamento bicameral com primeiro-ministro da maioria e governo do povo, ou algo assim, mas tambem confesso a minha falta de conhecimento aqui, pensando bem, sei muito pouco da lingua patria e de outras tambem, o que nao me impede de cometer impropérios quando a folha digital provoca a turba com seus clichês, que, admito, sao meus, todos os lugares-comuns são meus, inclusive aquele que acabo de cometer, em anaximandros ou outro método de contagem de sonoridade e expressividade das palavras, afinal viver e ler, escrever e, vez ou outra, entender, sao os predicados da minha frase curta e sem glórias, o resto são conflitos que tambem nao entendo e que renego, francamente,,,,

18 novembro 2009

durvalino, o filme

soturno e sem solistas, estreiou hoje na capital dos emirados bizantinos, a última película da série, veja com seus próprios olhos no que nos tornamos, arranjo e textos faceis, diálogos tomados emprestados de personagens secundários de uma peça de Tchecov. Mesmo com o mormaço da tarde carregada de memórias das casas batidas da esquina da matriz, a acolhida local ao coquetel de lançamento e congraçamento de prata  e luz, foi formidável, naquelas instalações que receberam a corte de timon, a flanela correu solta, limpando a bunda dos ociosos, e reluzindo os esmaltes das señoras sentadas na primeira fila, ao descortinar do baixios, o abafado soluço dos choros, davam o tom da festa, minimas palavras, tosses, bocejos em diagonal, narigudos limpando o muro de arrimo, na ante-sala a ola dos bajuladores, reis e rainhas, acadêmicos de acadêmicas letras, reitores no mezzanino, crianças com roupas de festas...risos e lágrimas completavam a orquestra, durvalino, esse não foi, não viu, talvez por falsa modesta, ou por mais uma viagem ao gabão, ou por uma repetina lucidez, "meu deus, o que fizeram de mim?" como o dosta de crime e castigo, nao suportou a pressao da realidade, e sofria com pensametos de culpa -"fui venal e mentiroso, roubei, plantei intrigas e enganei o meu discurso com o discurso dos outros, fui caseiro, enólogo, marqueteiro, vice-ministro, roupeiro e falsificador de lugares comuns, revolucionário e sacripanta, dormi com o polvo e com a deusa lombarda, bebi doses imensas de hipocrisias, chupei picolés na praça, catador terminei meus dias nessa alegoria, nessa letargia popularesca", enquanto tartumeiava a sua mitigada liturgia, a grua lateral corre, paralela à vida real, uma tomada aberta da platéia em extase, sem efeitos especiais....

15 novembro 2009

Apagaditos

na semana do apagão, vimos o céu de estrelas, a sombra da vela acesa, a postura surrada dos ministros da era pré glacial, antes, portanto, da existência da energia elétrica, antes do estado de direito, da representação popular e da democracia assim como a entendemos, representativa e baseada da eleição livre, só isso, essa ignorância das eras, justificaria a formal aeólica e banal, não que aquela outra energia mereça esse adjetivo, como fomos tratados, "escuta aqui, minha filha" "assunto encerrado"! Então tá, diria o cidadão comum que paga impostos e que trabalhou, naquela noite de trevas. Afinal, vimos estrelas e constelações, foi um brinde de itaipu a nossa ignorância do universo e da idéia incial da luz, ponto focal nas linhas de distribuição, até o vocabulário foi ampliado, sabemos, também agora, que apagão é diferente de racionamento e que deixar sem luz 60 milhões de brasileiros em 9 Estados da federação em um ato dos deuses provocado por uma leve chuva com raios a 2km de distância da linha de transmissão. Nada como a imprensa livre, para esclarecer as circunstâncias, afinal nossos investimentos robustos levaram trevas para todos, ou quase todos e que temos um sistema estável e robusto que pode manter tantos na escuridão por tão pouco. A conclusão inescapável salta aos olhos: os deuses devem estar de brincandeira. A expressão inglesa para o que deveríamos ter assistido é accountabillity, algo simples e democrático, precisamos prestar contas do que fazemos, das nossas negligências e das nossas falhas humanas. Esse é um princípio simples, diz muito da atitude democrática, do respeito ao cidadão e a  dignidade e liberdade humana, tudo que os atos midiáticos dos nossos ministros conseguiram ridicularizar e suplantar, com maestria, é verdade.

14 novembro 2009

landscape dreams

13 novembro 2009

Cristalina em Teresina


Na letra e canção Caetano faz uma homenagem á geléia geral do Torquato, fiquei sabendo dessa história muito recentemente, para o menino de pés descalços cajueiro era um artificio  de sonhos, arvóres, aprendi cedo, devem dar frutos e projetar passagens mágicas, desciamos pelos galhos sem arrancar folhas, na sombra montavamos a estratégia de ataque ao inimigo imaginário, as nódoas ficavam na camisa, enquanto comiamos a polpa do caju, nem sempre amargo. A cajuina só viria mais tarde em forma de poema e pelo correio, enviada por uma mãe ingênua, já na época em que os cajus cresciam na garrafa de cachaça...

10 novembro 2009

Pensata, em dó menor

A FREE LUNCH

There is no such thing as a "free lunch"
Milton Friedman famously said,
And it has now become economists' mantra.
But long before Friedman, Shakespeare said:
"There are more things on heaven and earth,
Horatio, than are dreamt of in your philosophy."
I looked around and found
an abundance of evidence
of free lunches, free dinners and
much, much more.
A million things move people
to give things
with no thought of "quid pro quo"-
Love, pure friendship, compassion,
A generous impulse, empathy,
Sympathy, just plain concern.
Looks like Friedman's notion of
an economic man is a myth;
Perhaps he should listen to Tugwell,
who long ago said:
"An economist, who is simply
an economist, is a poor pretty fish!"

Chennat Gopalakrishnan (2007, spring)

08 novembro 2009

submurismo e o apedeuta



nosso [da nossa gente] submurismo é assistencialista e coitadista, nossas memórias são ricas em biografias sem conteúdo, mas cheias de coitados, orfãos, animais, boleiros, intelcetuais de offfice-boys ao doutorado, é a nossa praga, convergimos para a falta de sentido, como quem implora um prato a mais de comida, entre nós, o de mérito, é quase demerito, insulta quem faz ou produz, inteligência agride a razão social e não conta, picaro é nosso irmão-guia, condecedente, troca os verbos, não soletra na nossa lingua nenhuma das regras gramáticas da flora e fauna humana, mesmo assim, por uma biografia recheada de lugares comuns e de sofrivéis jargões, redefinimos o mito e esquecemos o brilho da conquista honrada, produtividade é uma palavra banida dos vocábulos da nova igreja, o que vale é a retórica apedeuta, surrada e sem concordância, mas que é proferida contra os cultos, educados, inteligentes e produtivos, ah, impropriedade verbal, ah solicitudes financistas, erma carne de penduras na pilastra do novo templo, apedeutas na praça, somos nós, enquanto o outro, o economista futurista, kandinsky, usa os grafos utilitaristas sem lógica, aparentemente....

01 novembro 2009

Aspecto ordinal


                                             Jacques-Louis David

" Supõe-se usualmente que [a matemática] surgiu em resposta a necessidades práticas, mas estudos antropológicos sugerem a possibilide uma outra origem. Foi sugerido que a arte de contar surgiu em conexão com rituais religiosos primitivos e que o aspecto ordinal precedeu o conceito quantitativo. Em ritos cerimoniais representando mitos da criação era necessário chamar os participantes à cena segundo uma ordem específica, e talvez a contagem tenha sido inventada para resolver esse problema. Se são corretas as teorias que dão origem ritual à contagem, o conceito de número ordinal pode ter precedido o de número cardinal. Além disso, uma tal origem indicaria a possibilidade de que o contar tenha uma origem única, espalhando-se subsequentemente a outras partes da terra. Esse ponto de vista, embora esteja longe de ser provado, estaria em harmonia com a divisão ritual dos inteiros em impares e pares, os primeiros considerados masculinos e os últimos, como femininos. Tais distinções eram conhecidas em civilizações em todos os cantos da terra, e mitos relativos a números masculinos e femininos se mostraram notavelmente persistentes." (Boyer, Carl B., p. 4)