18 novembro 2009

durvalino, o filme

soturno e sem solistas, estreiou hoje na capital dos emirados bizantinos, a última película da série, veja com seus próprios olhos no que nos tornamos, arranjo e textos faceis, diálogos tomados emprestados de personagens secundários de uma peça de Tchecov. Mesmo com o mormaço da tarde carregada de memórias das casas batidas da esquina da matriz, a acolhida local ao coquetel de lançamento e congraçamento de prata  e luz, foi formidável, naquelas instalações que receberam a corte de timon, a flanela correu solta, limpando a bunda dos ociosos, e reluzindo os esmaltes das señoras sentadas na primeira fila, ao descortinar do baixios, o abafado soluço dos choros, davam o tom da festa, minimas palavras, tosses, bocejos em diagonal, narigudos limpando o muro de arrimo, na ante-sala a ola dos bajuladores, reis e rainhas, acadêmicos de acadêmicas letras, reitores no mezzanino, crianças com roupas de festas...risos e lágrimas completavam a orquestra, durvalino, esse não foi, não viu, talvez por falsa modesta, ou por mais uma viagem ao gabão, ou por uma repetina lucidez, "meu deus, o que fizeram de mim?" como o dosta de crime e castigo, nao suportou a pressao da realidade, e sofria com pensametos de culpa -"fui venal e mentiroso, roubei, plantei intrigas e enganei o meu discurso com o discurso dos outros, fui caseiro, enólogo, marqueteiro, vice-ministro, roupeiro e falsificador de lugares comuns, revolucionário e sacripanta, dormi com o polvo e com a deusa lombarda, bebi doses imensas de hipocrisias, chupei picolés na praça, catador terminei meus dias nessa alegoria, nessa letargia popularesca", enquanto tartumeiava a sua mitigada liturgia, a grua lateral corre, paralela à vida real, uma tomada aberta da platéia em extase, sem efeitos especiais....

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