30 junho 2009

o homem americano

A Serra da Capivara em São Raimundo Nonato no Piauí, no sul do Piauí, guarda alguns segredos. Assim como a sétima cidade, não conheço suas façanhas, mas o que produz de belo e enigmático nas retinas tortas do bardo essa luz que ofusca e esses traços de registros temporais imprecisos, são absolutamente inequivócos e reais, como se um ancestral no lombo de um burrego nos morros do cerrado de dentro, percorresse uma memória irracional, que apenas sentimos quando fechamos os olhos de volta para o passado, por lá fui rei da fogueira, campeiro, era caçador coletador, pertencia a casta dos parias e perambulava livre e sem medos, apenas a luz daquela caverna ofuscava minha racionalidae prática e obrigava-me a desenhar na encosta daquele ermo o meu diário de caças, chorava a dor da ignorância, e da sensibillidade da luz nascia a beleza rude e a imaginação daquele chão ...

27 junho 2009

das dores

encanto nenhum ha nessa luz que queima quando ilumina, nessa rua sem acostamentos, nesse jornalismo financiado pelo dinheiro do contribuinte, nessa decisão sem novidades, nessa dor que agora assumo, nessa volta das dores do fevereiro...Engana-se, porém, meu amigo, não acabou ainda, e, suspeito, talvez resista, afinal essa brasilidade torta e mil vezes questionada, é uma marca, propriamente somos assim, gostamos do deixa prá lá e carregamos o pessimo hábito de contemporizar, antes com o poder econômico, agora com o poder político, mas, nas duas situações, colocamos para debaixo do tapete as mazelas, afinal, aquela gente que mobiliza tantos anseios nao pode ser questionada mesmo diante de tantas petrobras ou de tantos aloprados, melhor deixar passar, depois vemos como que fica, a coerência também nao nos agrada, afinal, porque questionar a politica macroeconomica na boca de quem tanto amaldiçoava o modelo neoliberal, e assim, dessa forma, acomodamos os estranhos atos do presidente, sem tocarmos na árida prática dos discursos seus, adoçamos, enfim, a nossa pátria e empurramos com a barriga, numa típica vertente dolorida, dor de dentes, dor de tiradentes, dor de muita gente, enfim...

25 junho 2009

A quadratura do círculo

Foto gentilmente retirada do facebook do PH.

23 junho 2009

O apedeuta

versado em mal uso do vernáculo e em mimetismos macunaimicos, o lenhador de dobras, repete-se na sua saga populista e lugar comum, sem esconder o poder que as pesquisas aglutinam sobre sua pose de líder mundial, nosso deus da glória, vangloria-se de um discurso apaziguador e progressista, num ultraje ao lugar comum, acoberta atos sigilosos, perdoa ou inocenta de inocêncios a reus confessos, lambe as botas da oligarquia da ilha do boi morto, sucumbe diante das evidencias de massacre de cidadaos iranianos, abona a retórica intransigente, fascista e antisemita de um ditador demiurgo, anda gabola a apoiar o desmatamento, ultrapassando o limite dos tres poderes, agora, temos um quarto, populista, sindicalista, de esquerda e pesquisado, pode tudo, açoita, sem vergonhas, a lingua materna, a lógica puritana e insolita, o bom senso, tudo porque soa deus nas suas traquinices e cretinices, a cada dia, uma frase uma vexatória falta de cerimonias com a sabedoria popular, impostos demais para distribuir aos pobres as migalhas, até o belo dia que a riqueza finda, misericordiosamente, aumenta a miséria daquele povo, nosso povo. Como ressoa bem o refrão daquela música nos ouvidos dos aflitos....

21 junho 2009

Jan Vermeer


filho de Delft, de significado pouco conhecido, nada sabes, se soubesses nao conseguirias traduzir em palavras sem nexo, mesmo assim, nessa cidade, naquele ancoradouro, naqueles vértices sobrepostos de sentido geométrico, na altura da mao que se dispoe sobre a mesa da oficina de costura ou da oficina de sabores, nessas tardes que se destinam a captar o rosto da mulher e sua peróla, nessa insurgente imagem nítida, reside um sentido e intensidade, cor e uma insuspeita quietitude tensa, mesmo sem saber reconhecer a técnica, o dia, e suas sinuosas angustias, revelam-se naquela gravura, naquele olhar fixo de mulher do povo, como nada mais sabemos, sentimos o que nao conseguimos por em palavras....

20 junho 2009

Noite sem graça



Resíduo (...)


"Um pouco fica oscilando

na embocadura dos rios

e os peixes não o evitam,

um pouco: não está nos livros.

De tudo fica um pouco.

Não muito: de uma torneira

pinga esta gota absurda,

meio sal e meio álcool,

salta esta perna de rã,

este vidro de relógio

partido em mil esperanças,

este pescoço de cisne,

este segredo infantil...


De tudo ficou um pouco:

de mim; de ti; de Abelardo.

Cabelo na minha manga,

de tudo ficou um pouco;

vento nas orelhas minhas,

simplório arroto, gemido

de víscera inconformada,

e minúsculos artefatos:

campânula, alvéolo, cápsula

de revólver... de aspirina.

De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.

Oh abre os vidros de loçãoe abafa

o insuportável mau cheiro da memória.




Mas de tudo, terrível, fica um pouco,

e sob as ondas ritmadas

e sob as nuvens e os ventos

e sob as pontes e sob os túneis

e sob as labaredas e sob o sarcasmo

e sob a gosma e sob o vômito

e sob o soluço, o cárcere, o esquecido

e sob os espetáculos e sob a morte escarlate

e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes

e sob tu mesmo e sob teus pés já duros

e sob os gonzos da família e da classe,

fica sempre um pouco de tudo.

Às vezes um botão. Às vezes um rato."


Carlos Drummond de Andrade.

19 junho 2009

Beatitudes...



"Inicio este livro de uma posição que acredito ser comum: a posição de quem não considera os problemas da ode de Píndaro senão como problemas peculiares, e que tem enorme dificuldade em entender como podem jamais deixar de ser problemas. Que sou um indivíduo que age, mas também uma planta; que muito do que não fiz, contribui para fazer com que eu seja tudo aquilo pelo qual eu deva ser louvdo ou culpado; que devo constantemente escolher entre bens concorrentes e aparentemente incomensuráveis e que as circunstâncias podem forçar-me a uma posição na qual não posso evitar ser falso com respeito a alguma coisa ou fazer algum mal; que um evento que simplesmente acontece a mim pode, sem meu consentimento, alterar minha vida; que é igulamente problemático confiar seu bem a amigos, amantes ou ao país e tentar ter uma boa vida sem eles - tudo isso considero não apenas como o material da tragédia, mas como fatos cotidianos da razão prática vivida." (Martha Nussbaum, 2009, p. 5)

18 junho 2009

Lautrecanas


A semana secreta do senado revelou a minha crise, assumo, que sou culpado, forjei, na minha insensata e turva nota, a crise que ora se agrava, minhas palavras nao alcançaram a sala da vizinha pátria minha e em virtude disso, como se virtude opusesse sala ao infeliz episódio, todos os nossos atos na noite obscura refletem o caráter reto, como a dizer que de reto tratasse, das nossas apostasias, mínimas palavras antepostas aos cifroes, dolares do pré sal na conta bancária dos correligionários que, em horas extras, souberam esculpir a desgraça dos parias da nação, minha, só minha, a culpa, se culpados nao querem a patente dessa engenhosa pilhagem, afinal o senhor das bestas, já liberou da mesma culpa o outro presidente da casa, mesmo porque, um cidadão comum nao sabe o que é um ser nao comum, afinal de esbulhar a turba nao vive esse perante aquele, só minha, nessa noite de bares da cidade das festas, ouso um dizimo absinto para expurgar a dor das cartas na mesa de bilhar, soletras ou pulha....

17 junho 2009

Cherubina, para




07 junho 2009

poelida

lenha na lareira, sem números para contar, apenas o trepidar dos gravetos diante do olhar, algo semimorto, do ser humano, nadinha na pasta de amassar pão, subimos por dublin, mas lá, nas esquinas de lá, não ficamos exatamente a vontade, a procura do bardo continua em trieste, na vestuta sam marino, em minhas recordacoes das letras, mímicos repetem a mesma tocada, sem refrão, minhas longas conversas eufóricas quando bebo, viver uma vida digna eis o que importa, o resto sao poemas nas folhas soltas e sem regras, que insistimos em acumular, essas, pelo menos, não correm risco de uma desvalorização intempestiva, tênue a luz do lugar afunda na escuridão que a tudo e a todos domina, minhas circunstâncias no plural, sabem o que querem, repúlica, simplicidade e uma vida sem luxos, nada mais....

05 junho 2009

O pluralismo de Berlin


"O pensamento utópico acredita e professa que, no passado ou no futuro, existiu ou existirá um estado onde as necessidades humanas se encontram resolvidas.
Um mundo perfeitto onde os seres humanos desejam necessariamnete os mesmos fins de vida e onde os valores caros à existência se encontram harmoniosamente reconciliados na sua expressão máxima.
Inflelizmente, o pensamento utópico falsifica a natureza dos homens e a própria natureza dos valores.
O século 20, com seu longo cortejo de horrores e atrocidades, não foi apenas um século de crimes vulgares. foi um século que cometeu esses crimes porque pretendeu iludir a natureza pluralista dos homens e dos valores sobre a capa da mais feroz uniformidade.
As utopias estâo condenadas ao fracasso, não porque os homens são fracos, ou ignorantes, ou insuficientemente sonhadores. Mas porque a própria idéia de utopia como um estado perfeito onde os homens desejam os mesmos valores e onde os valores podem ser harmonizados na sua expressão máxima assenta na mais pura falisidade existencial e filosófica." (João Pereira Coutinho, fsp, 31/05/2009)

04 junho 2009

crôniquitos



a significância do termo bravo, serve para realçar a ignorância
do notável evento, somos todos, ingleses, para inglês ver, nada há que nos diga como construir a paz, ou equilíbrio. Ao sul do mampituba, lobos, numa ilha na praça da matriz, tentam arrancar a nacos o que a frágil democracia cosntruiu heroicamente, sempre viva na memória, mensalou um dizímo para a vinheta da globo, nas páginas do hebdomadário perdura uma insensata campanha contra o mundo das regras, não há inteligência nessa quadra, apenas a vilânia de alguns articulistas combinados com a obreira obra, naquele jornal morrem os que
acreditam na sistemática busca, amém.

02 junho 2009

pílulas...







"The power to constrain an adversary depends upon the power to bind
oneself"
Thomas Schelling





01 junho 2009

boteco news


Não que eu consiga, mas é possível tentar, por aversao ao risco sistêmico, evitar os corredores, as ruas, as esquinas onde todos que passam sabem o teor da conversa de botequim, em temos inesquecíveis, tudo começava na floresta e terminava na bahia, ou o contrário, sempre na veia poética ou nas ladeiras depois ou na contorno, um dia que outro na liberdade, de passagem para savassi vindo de goitacazes ou timbiras, pouco importa, seus castelos pavimentados por um império de palmeiras, no coreto uma pausa para descansos, uma que outra subida na afonso, desciamos curitiba, na volta, depois do obelisco da praça sete, estamos em boa viagem, desce e sobe rumo aos cavalos brancos de sabará e, noutro canto, ouro preto, minas nao sai da cabeça...