20 agosto 2005

Rasteiras


Tecnicamente uma rasteira consiste em usar a perna como alavanca para entremelar os pés com o adversário e derrubá-lo, como figura de linguagem, não passa de mais uma metáfora do filho da mãe que começa a colocar em julgato a honra da própria, nós, os que fomos "alavancados", agradeceríamos um uso mais criterioso e parcimonioso delas, das metaforas e da imagem materna, mesmo porque, o recurso linguístico ou coisa que se entenda por, é bem mais amplo e complexo do que fingir que não viu ou não sabia. Na Bahia de todos os santos, ela, a rasteira, não a mãe, pode ser até uma expressão artística e um uso estético do corpo para defesa ou para o ataque, mas tudo dentro do compasso do berimbau e na forma civilizada do jogo da capoeira e do ritmo pélvico cadenciado, como nos atabaques da cidade baixa, longe, portanto, da esteriotipada rasteira do planalto. Uma dança bela e forte e uma forma de sedução, bem distinta da manifestação raivosa de apego a coisas mudanas, como o poder e a vaidade de um semi-deus.

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